Tenho recebido uma grande quantidade de e-mails atacando o PT. Alguns razoáveis, outros mal escritos, com muitos erros gramaticais. Tão mal escritos que poderiam ser creditados a um certo petista de alto coturno. Eu votei em candidatos do PT desde a sua fundação. Lembro-me de ter sido alvo de chacotas por volta de 1984, exatamente por acreditar no PT. Naquela época a fervura política acontecia no Espaço Pirandello, na rua Augusta, em São Paulo. O que me atraia no partido era a possibilidade de um universo político diferente, sem as práticas daqueles que o PT chama de elites e Raymundo Faoro de "os donos do poder". Votei em Airton Soares, todos que um dia freqüentaram o Riviera e o bar do Zé, votaram. Ao longo dos anos votei em Lula, Suplicy, Zé Dirceu, Florestan Fernandes e Genoino. Também votei na Marta e confesso consternado que até no Mercadante eu votei. Nunca houve uma eleição em que eu não tivesse votado em pelo menos um candidato da estrela vermelha. Com exceção desta última, mesmo porque mudei de idéia. O ponto de virada foi o caso Waldomiro Diniz. Naquele dia senti que havia fundamento em minhas desconfianças. O PT prega uma coisa e faz outra. E diz que não fez, na maior cara-de-pau. Ainda que apanhado com as calças na mão. Quando a coisa esquenta a saída petista é dizer que todos agem da mesma forma. Se todos agem da mesma forma, o diferencial ético que me fazia ter simpatias pelo PT perdeu a razão de ser. Exatamente por isso eu não voto mais no partido. É definitivo.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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