| Arquivo |  | | | Vaga-lume |
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Dia desses, escrevendo uma crônica, deparei-me com um vagalume. Escrevi assim, para mim a palavra é um conceito, de tanto escutá-la, nunca me havia dado conta das origens. Como o Word insistisse em sublinhar de vermelho, indicação de erro, fui ao pai dos burros conferir. Não é vagalume, é vaga-lume, mistura de duas palavras. Vaga é do verbo vagar, que significa andar ao léu, andar sem destino, errar, vagabundear. No presente do indicativo conjuga-se assim: eu vago, tu vagas, ele vaga, nós vagamos, vós vagais, eles vagam. Pois é, já sabemos o que a primeira parte significa. Vamos ao lume. Além de fogo, também pode ser luz, clarão, fulgor, brilho. Dessa forma o bichinho alado que ora acende ora apaga e quando acende de novo já está em outro lugar, tem um nome sugestivo: luz errante ou clarão que vaga sem destino. Bom nome para um chefe índio. Para mim, vagalume forma definitivamente a idéia que a palavra quer expressar: inseto que acende e apaga. Não vejo a necessidade do hífen. Como sou pela norma culta, escreverei corretamente, ainda que sob protestos. Vaga-lume. Pirilampo é para o caso de haver dúvida. É um vaga-lume sem hífen.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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