20/04/2025  16h15
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
COLUNISTA
Sidney Borges
15/06/2006 - 07h38
Viver é perigoso...
 
 

A grande águia saiu da térmica e mudou a curvatura das magníficas asas. Voava lentamente vasculhando a superfície do oceano com olhos telescópicos de predador experiente. No final do dia ainda havia luz para uma última investida, quem sabe o jantar seria um atum ou uma cavala. Súbito um ponto surgiu na superfície irregular do oceano. Apenas olhos argutos e sensíveis, de mais de trinta anos de caçadas certeiras notariam o detalhe. Diminuindo a velocidade a águia esperou que o alvo afundasse e boiasse novamente. O ser à tona estava em apuros, seria atacado pelo ar por uma formidável máquina de matar. Com a estratégia definida a águia esticou a asas e iniciou uma larga curva com a finalidade de deixar o sol às costas. Enquanto o horizonte girava a trinta graus as asas foram se fechando, a velocidade aumentou até que a águia rente à água, voando no colchão de ar que os aviadores chamam de "efeito solo", esticou as garras e apanhou a presa. Uma tartaruga. Sem entender o que acontecera, a vítima se viu repentinamente alçada aos ares e ainda que sentindo estar perto do fim, contemplou extasiada o que é reservado a poucos. A visão superior dos seres alados. Subindo vagarosamente devido ao peso extra, a águia procurou uma pedra para largar a presa. A tartaruga morreria sem sofrer e seria consumida para dar seguimento à vida. A natureza parece cruel, visão humana. A natureza não é humana, nem tampouco cruel, apenas é. Depois de longos minutos de extenuante bater de asas, a águia finalmente descansou. Enquanto planava viu a pedra ideal. Calculando com precisão soltou a tartaruga que caiu certeira e precisa na cabeça calva e brilhante de Alberto Silva de Caíres, de quarenta e sete anos, gerente de banco e corintiano fanático. Morte instantânea. A população ergueu uma capela no local em respeito ao milagre. O quelônio sobreviveu e foi lançado ao mar, onde viverá assustado os próximos trezentos anos. Naquela noite a águia dormiu com fome.


Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
ÚLTIMAS DA COLUNA "SIDNEY BORGES"Índice da coluna "Sidney Borges"
27/01/2010 - 17h10 Retratos do cotidiano
07/11/2009 - 12h09 Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada...
18/10/2009 - 06h01 Ubatuba em estado de alerta
29/09/2009 - 17h00 Turismo e educação
25/09/2009 - 17h11 Crônica esportiva
02/09/2009 - 17h01 Trivial da culinária revolucionária
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.