Sim, há maneiras de tirar do Google o que o Google guarda (e espalha) sobre você. Em tese - e quando eu digo em tese é só em tese mesmo, pois não existe no mundo quem acredite neste engodo -, o gigante das buscas livra o sujeito de quaisquer enxeridos que queiram escarafunchar a sua vida. Basta acionar um recurso que ele mesmo oferece. Agora, raciocine comigo o crédulo leitor: para encontrar o tal recurso e saber como acioná-lo, você terá que digitar, no próprio Google, coisas como “O que fazer para desaparecer do Google?”, “Existe um jeito do Google não saber o que eu faço?”, “O que faço para eliminar do Google o que ele já sabe sobre mim?” ou algo assim. Ao digitar este tipo de pergunta, o gigante fica sabendo instantaneamente que você está querendo fugir dele, o que provavelmente deve ativar um alerta denunciando que você quer manter indevassável a parte sombria da sua vida. O sistema, falsamente solícito e diplomático, ensinará a você o passo-a-passo para manter-se incógnito doravante. Ok, maravilha. Daí pra frente, você passa a acreditar nisso aí, além do Papai Noel, do coelhinho da Páscoa e da cloroquina. Ou seja, ele diz que faz mas ninguém garante que faz mesmo. Um dos megasites brasileiros dedicados a novidades tecnológicas apregoa uma sugestiva matéria com o título “Veja como apagar tudo o que o Google sabe sobre você”. E passa o caminho do anonimato em cinco práticas manobras, que qualquer criança é capaz de fazer. Será mesmo? Já com o “Name Cleaner” é diferente. Seu nome continua constando no Google, mas só o que aparecer como ocorrência favorável. E mais: nas abas de imagens e vídeos do buscador, disponibilizamos, mediante pequena taxa adicional, o espetacular “Body Cleaner”. Ele faz a mesma coisa que o “Name Cleaner”, só que com imagens que possam comprometer de alguma forma o usuário. O filtro do programa não deixa passar nada que seja íntimo, vergonhoso ou antiestético. Só circunstâncias inocentes e politicamente corretas. Creia-me, leitor: o fim dos cookies e a LGPD não chegam nem perto da solução que eu desenvolvi. Aguarde novidades! Esta é uma obra de ficção.
Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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