28/11/2024  11h52
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
COLUNISTA
Marcelo Sguassábia
23/06/2022 - 06h25
Notre Pont
 
 
Até há poucos anos, a Pont des Arts, em Paris, era chamada de “A ponte dos cadeados”. Casais apaixonados do mundo inteiro juravam amor eterno prendendo um cadeado com seus nomes nos alambrados laterais, arremessando em seguida a chave no Rio Sena.

I

O cadeado era bem antigo, já quase todo comido pela ferrugem. Daqueles com chave de baú velho. De longe chamava a atenção, tão fosco em meio aos de aço. Ao contrário dos milhares de outros, todos trancados e com as chaves em eterno sono no fundo do Sena, aquele estava aberto. Trazia seu nome e sobrenome escritos com esmalte de unha. E um endereço, na Rua Mouffetard.

II

Um café, pegado à tabacaria. Mais duas ou três construções geminadas, uma lojinha de queijos, outra de souvenires e lá estava o número: uma floricultura com 6 andares de apartamentos em cima. Lá estava: appartement 42. Quem colocou seu nome no cadeado? Por quê? Medo de apertar a campainha. Vontade retornar correndo e se enfiar no quarto de hotel em Montmartre. Esquecer que viu o que viu, arrumar as ideias com a mesma simetria das roupas da mala e tocar para o aeroporto antes do fim da estadia. Merde. Faltava tanta coisa para conhecer, era sua primeira vez em Paris. Hoje mesmo, a manhã estava reservada para o Cemitério Père Lachaise, a tarde e a noite para o Quartier Latin.

III

Seria algum amigo do Brasil, querendo brincar com ele? Mas como esse amigo teria certeza de que iria reparar no cadeado antigo para que a brincadeira continuasse? O raciocínio não fechava.

IV

Nem precisou tocar a campainha. A chave estava na porta do lado de fora. Uma chave que, além da porta, parecia ser também do cadeado. Entrou. Uma mulher linda, nua e desconhecida pintava as unhas com esmalte da mesma cor usada no cadeado da ponte, sentada de pernas cruzadas em uma cadeira. Foi quando entendeu. Foi quando lembrou. Foi quando o raciocínio, como um cadeado, se fechou.

Esta é uma obra de ficção.


Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
ÚLTIMAS DA COLUNA "MARCELO SGUASSáBIA"Índice da coluna "Marcelo Sguassábia"
21/12/2022 - 06h09 Previsões para amanhã
25/10/2022 - 05h52 Duña, uma fotobiografia
18/10/2022 - 05h45 Hardy, a hiena, vai anular o voto
03/10/2022 - 06h05 Nostraduña
20/09/2022 - 06h24 Aperfeiçoamentos enxadrísticos
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.