A máquina de não respirar Há um gasto calórico inútil no ato de respirar, uma atividade que, considerando o estágio atual da raça humana, tem caráter animalesco. Com a remoção dos pulmões e sua substituição pelo mecanismo gerador de oxigênio no sangue, ninguém mais precisará se preocupar com a poluição do ar ou partículas nocivas em suspensão. Mais: no contexto esportivo, deixa de interferir na performance do atleta a respiração ofegante e entrecortada, típica do esforço intenso. O resultado será a rápida quebra de recordes mundiais no atletismo. Médicos do Sri-Lanka, que estão à frente nestes estudos, garantem que os pulmões podem ser removidos sem prejuízo à saúde do indivíduo. A máquina de não piscar Assim como o ato de respirar, o piscar de olho é erroneamente tido como movimento involuntário. Há esforço envolvido nisso, além da interrupção do sentido da visão ao longo de grande parte da vida. O raciocínio é aritmeticamente irrefutável: uma pessoa pisca em média 20 vezes por minuto. Multiplique isso por uma perspectiva conservadora de 80 anos de vida e verá o total de tempo que esta pessoa foi privada do seu direito inalienável de enxergar. Profissionalmente, esta perda pode não significar muito para a maioria das atividades. Porém, imagine o risco envolvido quando se pensa em funções de segurança: militares, guarda-costas, serviço de escolta, espionagem e contraespionagem etc. A máquina de não evacuar A rigor, não parece haver muito sentido em lutar pelo alimento, planejar os meios de obtê-lo, consumi-lo e depois devolvê-lo processado, em formato bem diverso, ao habitat - sendo que esta devolução não tem aproveitamento algum. Solução: pílulas não-defecáveis com todos os nutrientes essenciais. Atenção, contém spoiler: A máquina de não dormir - em rápido desenvolvimento, porém ainda sem um protótipo/versão beta. Com ela, alcançaremos a maior revolução já obtida pela raça humana, com o ganho de 1/3 em tempo de vida aproveitável (considerando que todos precisamos dormir por aproximadamente 8 das 24 horas diárias). Esta é uma obra de ficção.
Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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