Apollo 11 - Olha Gersina, tá aqui o pacote que deixaram pra você. Não tinha ninguém na sua casa ontem à tarde. Foi a Dona Jandira, minha sogra, que atendeu o portão. O homem tocava a campainha sem parar. Deixou com ela os macacões e disse que foi uma tal de Nasa que mandou entregar. Conhece alguém com esse nome? - Nasa?? Sei não. Deve ser gente de escola de samba, esse negócio aqui tá com cara de fantasia de carnaval. A gente que costura pra fora recebe cada encomenda... - O rapaz da entrega disse que é pra bordar três nomes, um em cada macacão: Aldrin, Armstrong e Collins. Ó só, tá escrito aqui no papelzinho, melhor olhar bem pra não trocar as letra. Nem sei como é que fala direito. - Uns nome gringo, né? Vixi. - Essa parte das pernas aqui, tá meio empapuçada, não tá não? Será que não era o caso de fazer a barra, Gersina? - Então, não sei... bom, melhor fazer o que foi pedido. Eu vou é bordar esses nome aí e entregar o bagulho pra Nasa. Quando que o homem falou ficou de vir buscar os macacões? - Diz que tá vindo amanhã. Essa tal de Nasa deve ser a mãe dos três ou então namora com eles tudo ao mesmo tempo. Porque em todos os macacões aparece "Nasa" perto de onde é para bordar os nomes dos caras. - Cada louco com a sua mania. A pessoa não tem o que fazer e fica inventando essas coisas. Uns faz tatuagem, outros manda bordar o nome. - Bom, pagando bem, que mal tem? - Lá isso é. Bora cuidar da vida. Esta é uma obra de ficção.
Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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