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COLUNISTA
Marcelo Sguassábia
20/07/2020 - 06h45
Livro do ano
 
 

Se você tem menos de 50, aceite meu conselho: escolha outro texto para ler, não se prenda por aqui. Mesmo porque não irá entender patavina. Sendo que "patavina", provavelmente, você também não sabe o que é...

Barsa, a versão tupiniquim da tradicionalíssima Encyclopaedia Britannica, era o copy/paste da galerinha fã do Vigilante Rodoviário. Os 18 volumes vermelhos enfileirados na estante eram tão manjados nas salas de visita da classe média dos anos 60 quanto os buffets com pés de palito, os puffs e os pianos.

A primeira edição brasileira saiu em 1964, e esgotou em 8 meses. Era a redenção da molecada nos trabalhos escolares, dispensando os estudantes mais abastados da ida à biblioteca pública.

Aí o tempo passou, a internet tomou conta e, na virada do milênio, escorraçou de vez a enciclopédia do living, certo?

Coisíssima nenhuma. Acredite ou não, a Barsa brasileira - em papel!!!! - continua firme e forte no mercado, a despeito da versão online já disponível há bastante tempo (custa hoje em torno de R$ 300 e o acesso é livre por um ano).

Com Google, Wikipedia, portais de conteúdos segmentados e um basculante de informação nova despejada na rede a cada segundo, a tonelada escarlate resiste bravamente. Há quem curta a elegância das lombadas, o manuseio sem pressa, o cheiro das páginas.

Até aí, nada de mais. O problema é que qualquer enciclopédia já começa a caducar antes mesmo de acabar de ser impressa. Daí terem inventado o chamado "Livro do Ano", que é um baita de um catatau reunindo o que aconteceu de novo no ano seguinte à compra da enciclopédia. A intenção era complementar a obra com o passar do tempo, e unir ao útil o agradável de vender um livro a mais, todos os anos, ao feliz proprietário - que ficava refém vitalício das atualizações. Lembro que meus pais chegaram a comprar pelo menos uns 20.

Agora, imagine só: bastam 18 anos para que a fileira dos filhotes escorados à mãe-Barsa passe a ser maior que ela. Se os livros do ano continuam sendo publicados até hoje - e esta informação eu não tenho - já terão sido impressos até o momento 55 apêndices. Literalmente, uma emenda bem maior que o soneto!

Caso venha a ser editado, o livro do ano de 2020 deverá ter pelo menos um metro de lombada, para dar conta de registrar a merda toda causada pela pandemia. Mas pode ser, por outro lado, mais fino do que um gibi. Já que, na prática, ele não aconteceu.

Esta é uma obra de ficção.


Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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