| Via Internet | | | | Cão sendo arrastado. |
|
Certo dia, no começo do ano de 2015, um motorista de caminhão de lixo, após atropelar um cachorro numa rua da cidade de Presidente Figueiredo - AM parou o veículo e sem titubear amarrou o indefeso animal pelo pescoço, arrastou-o até o triturador na traseira do caminhão e o jogou dentro, ainda vivo. No momento em que o cão foi atingido pelo caminhão, não é possível provar a existência do desejo de matar ou se entraram em ação a negligência, imperícia e/ou imprudência. É fato, porém, que a vítima foi atingida em cheio e que posteriormente constatou-se a vontade indiscutível do motorista de eliminar, matar e trucidar o animal atropelado, como se estivesse no melhor desempenho de sua função, limpando as ruas, mas com grotesca atitude, digna de um selvagem dos tempos das cavernas. Tudo foi filmado por câmeras de imóveis vizinhos e Jadson James França dos Santos a partir daquele instante jamais poderia negar a autoria. Demissão foi sua única punição; como funcionário da empresa coletora de lixo, contratada pela Prefeitura de Presidente Figueiredo - AM não mais praticará atrocidades semelhantes conduzindo o caminhão de lixo, mas quem sabe o que fará por aí, pois sequer foi preso: somente multado em R$ 3.000,00, do que ainda tem o direito de recorrer. Aquele que massacra um cão num triturador de lixo, sem dó nem piedade, em uma rua pública, tem potencial para barbáries inimagináveis. O crime de maus tratos a animais não é considerado tão importante no Brasil, pois os legisladores do país ainda caminham na contramão da história. Quem elabora as leis não entende que pessoas que cometem crimes deste tipo têm distúrbios e não são normais. Nos EUA, a partir deste mês de janeiro de 2016, o FBI os incluiu na mesma categoria de investigação dos crimes de ódio, pois considera que são indicadores de violência. O governo americano desde a década de 70 fez estudos neste campo, comprovando a conexão dos crimes contra animais e os assassinos em série, que em sua infância ou adolescência sempre torturavam ou matavam bichos. Há também uma forte ligação entre a violência doméstica, o abuso infantil e as perversidades praticadas contra não humanos, conforme estudo e pesquisa desde a década de 80, por parte da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O ciclo tem início muitas vezes dentro de uma família em que um adulto é o autor da violência contra uma criança, um jovem, outro adulto, ou ainda contra animais e pode ter continuidade para aqueles que sofreram como vítimas ou testemunhas, num novo ciclo que se repetirá e tenderá a progredir em intensidade e gravidade. Na história deste indefeso cão o pior e mais triste é que Jadson James França dos Santos não se arrependeu da sentença de morte com requintes de crueldade que decretou, tal qual fazem os psicopatas ao chacinarem suas vitimas, e ainda disse “Bicho é bicho e gente é gente”.
Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
|