Arquivo Evely Reyes | |
Fazer parte do ativismo que levanta a bandeira da causa animal é das coisas que mais me dá contentamento a cada dia, pois é algo que está dentro do meu ser, como uma necessidade, uma missão a ser cumprida, pois os bichos não tem voz e são indefesos diante do rolo compressor em que a humanidade se transformou para esse planeta e para todos os demais seres que o habitam. É uma percepção que está sendo captada por outras pessoas e que se encontra em expansão nos mais diferentes pontos do mundo. Este mês de Abril de 2014 foi maravilhoso em relação a isso, pois também consegui participar de quatro eventos em prol dos bichos. No dia 03 de abril, eu e a amiga Amanda Luiza fizemos exibição do Cine VEDDAS na Universidade Estadual do Ceará – UECE, com o documentário Veganos e o clipe A Vegan Future. Somos responsáveis em Fortaleza por essa forma de conscientização que acontece uma ou duas vezes ao mês em locais determinados com filmes relativos à libertação e proteção animal e que sempre são seguidos de boa conversa e degustação de gostosuras veganas. O VEDDAS é uma ONG de São Paulo, www.veddas.org.br, presidida por George Guimarães, que como o próprio nome diz tem por objetivo o vegetarianismo ético e a defesa dos direitos dos animais e da sociedade. Propaga sua ideologia não só na capital paulista, mas em várias cidades do país, através de diversas atividades e a colaboração de pessoas comprometidas com a causa animal. Em 13 de abril participei de uma manifestação na beira-mar contra o abate dos jumentos em APODI-RN, onde estive com a organizadora do evento Adriana Duarte e outros ativistas em prol destes bichos que por décadas foram utilizados pelos nordestinos, mas que foram substituídos pelas motocicletas e nos dias de hoje são desprezados e abandonados pelas ruas e estradas. Nossa iniciativa aconteceu em resposta e repúdio à atitude do promotor público da cidade de APODI-RN, Sr. Silvio Brito que determinou o abate de uma jumenta para que fosse degustada e a partir de então servisse de sugestão de cardápio para os presidiários da mencionada cidade. Não faço ingestão de proteína animal e nem de seus derivados, portanto discordo de que a alimentação dos seres humanos necessite do sofrimento, crueldade e morte dos bichos, tão escravizados em função disso e é necessário que nos manifestemos contra a inclusão deste pobre animal nos hábitos alimentares do Rio Grande do Norte ou de qualquer outra localidade. Penso que no momento em que nos posicionamos contra alguma coisa, demonstramos nossas intenções e fazemos história, pois registramos essas participações que podem fazer a diferença abrindo as mentes de quem delas toma conhecimento e demonstrando como é valoroso estar do lado da não violência, da não agressão e da paz em todas as esferas de nossas vidas. A morte dos animais na indústria alimentícia é precedida de maus tratos e atrocidades que dão angústia e agonia às suas vítimas. Como seres sencientes, eles sabem exatamente a hora final de sua existência e suportam sempre a brutalidade e selvageria de que são preenchidos seus últimos minutos de vida. Quem faz uso da proteína animal e também de seus derivados é responsável direto por esse processo, pois incentiva e impulsiona a corrente industrial da qual ele é o elo fundamental como consumidor. Dia 23 de abril foi vez de comparecer à Câmara Municipal para uma Audiência Pública em Defesa dos Animais, presidida pela vereadora Toinha Rocha do PSOL, com representantes de várias ONGs de Fortaleza e Dra. Geuza Leitão, pela UIPA-CE. Todos em prol dos animais e contra os maus tratos, a crueldade e o abandono nas ruas de que são vítimas esses seres que não têm voz e nem vez para se defender. Cerca de 100 pessoas compareceram ao local dispostas a ouvir a vereadora, muito acessada através do endereço virtual toinharocha.com.br e que têm como propostas a criação de um projeto de lei para que a Prefeitura da cidade viabilize a conscientização nas escolas públicas e privadas da rede municipal. Será através da educação junto às crianças, com distribuição de material informativo sobre os direitos dos animais que Toinha Rocha acredita ser possível melhorar o rumo da cidade de Fortaleza nessa questão; é aprendendo a respeitar os seres não humanos que os alunos da rede municipal se transformarão em adultos de boa índole, sensíveis e compassivos dentro da comunidade em que vivem. A atuação do Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza, a denúncia de que mais de duzentos animais por semana ali são sacrificados de forma aleatória e indevida, bem como as soluções de bom senso para essa realidade indesejada foram itens que ocuparam grande parte do horário. Proibição do uso de animais como transporte de carga e a penalização das pessoas que abandonam e/ou maltratam os animais também são iniciativas pensadas pela parlamentar como projetos de lei, mencionadas na Audiência Pública que foi um verdadeiro sucesso pela grande participação popular e que ansiosos aguardamos os desdobramentos. Ao dia seguinte tive a oportunidade de assistir à palestra de Bruno Pinheiro, da Frente de Ações pela Libertação Animal Brasília – FALA Brasília, sobre os direitos dos animais e a tragédia denominada vivissecção/experimentação de que são protagonistas escravizados. Aconteceu no auditório da PROGRAD, na Universidade Estadual do Ceará-UECE. Os bichos vivos servem de cobaias em experimentos científicos que tem como propósito a realização de estudos nas mais diversas áreas. Eles nascem, vivem e morrem em função destas atividades a que são submetidos. São feitos testes laboratoriais com drogas, produtos de limpeza e higiene, cosméticos, práticas médicas para transplantes de órgãos ou treinamentos cirúrgicos e ainda exames na área da psicologia e na armamentista, onde são avaliados respectivamente a privação materna, indução de estresse e as armas químicas. Não sendo suficientes tantas atrocidades porque passam estes animais, também são obrigados a suportar os testes de toxicidade alcoólica, tabaco, dissecação e demais horrores engendrados pelos senhores cientistas. “Não Matarás – os animais e os homens nos bastidores da ciência” é um vídeo de responsabilidade do Instituto Nina Rosa que explica o que é a vivissecção/ experimentação animal e as alternativas existentes que já são desenvolvidas em vários países. É um vídeo que deveria ser assistido por todos os habitantes deste planeta, por seu conteúdo esclarecedor e educativo. Bruno Pinheiro fez uso de trechos desse documentário em sua exposição, que foi direcionada e embasada pelo vasto conhecimento que tem sobre o tema. Após a excelente explanação do ativista cearense, que reside no Distrito Federal, três professores da instituição juntaram-se a ele com a finalidade de promover um debate relativo ao assunto, no qual o público presente teve total liberdade de intervir e se manifestar. O evento foi enriquecedor e de grande significado diante do conteúdo abordado e das questões levantadas pelos alunos e pessoas presentes no auditório. Gostei muito de poder estar presente nestes momentos extraordinários, onde ideias foram divulgadas, discussões aconteceram e campanhas de conscientização foram compartilhadas. Uma certeza é absoluta: tudo se inicia no tempo em que cada ser humano entende a situação deplorável a que são subjugados os inúmeros bichos nos diversos setores em que são utilizados. Nesta ocasião de extrema sensibilidade que o individuo vivencia, fica mais compassivo com os não humanos e resolve se importar com o que vai de encontro aos seus princípios de ética e moral. O respeito que ele acredita essencial para a convivência com seus pares é estendido aos animais, até então vistos como mera mercadoria. Sua transformação interior acontece e altera sua visão de mundo, pois seus olhares agora são outros. Diferentes valores, conceitos, discursos e atitudes se adéquam aos seus novos quereres. Mudar a realidade e salvar essas vítimas do eterno martírio e destino sanguinário a que estão fadadas torna-se fundamental. É o despertar do Amor Incondicional.
Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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