– Mulher de bunda grande é outro nível! A sentença de Fabiano foi proferida da mesa de bar para o grupo de amigos, enquanto apreciava o caminhar da bela morena de quadris largos que passava pelo local e bebericava um gole de cerveja. A afirmação gerou um debate acalorado entre os integrantes sobre o tamanho e formato que poderiam ser considerados perfeitos das nádegas femininas, incluindo, a citação de exemplos e respectivos comentários. – A bunda da Cláudia é perfeita! – Sei não! – É... Não sei... – E da Rochele? – Essa sim... – Acho que falta um volume lá... Não sei... O tamanho... – E da Tatiele? – Outro nível... – Eu já acho pequena! Tinha que ser maior... – É... – E da Cíntia? – Que Cíntia? – Irmã do Marquinho... – Caída! – Pô! Se aquilo é caída... Benza Deus! – Já viu ela de biquíni? – Não! – Pois é... – Bruna! Essa tem a bunda grande! – O formato é feio... – É... E convenhamos que ela está meio gordinha... – Vai dizer que tu não querias aquela gordinha, hein? Há! Há! Há! – Aí entramos em outro departamento... Há! Há! Há! – Há! Há! Há! – Há! Há! Há! – E a bunda da Carlinha, hein? Me arrepiei só de falar... Que coisa de louco! – Mais ou menos... Mais ou menos... Tu que nutre uma paixão por ela por isso a endeusa! – Pode ser... Pode ser... Mas, a mulher é gostosa! Isso não dá para negar! Bunda redondinha... – É... – É... – Eu prefiro a Roberta! – Eu já fico com a Carlinha... – Roberta... – Roberta... – E o que vocês acham da Paula? Bundão, hein? E a discussão sobre o assunto se estendeu por mais um longo tempo e o “secar” de várias cervejas até que notaram e chegaram a uma conclusão unânime. – A bunda da garçonete é perfeita. Bunda grande e arredondada na medida! Não é preciso dizer que a partir daí todos os pedidos de bebidas e petiscos foram feitos a ela, que se chamava Franciele. À medida que ingeriam álcool, com o efeito, foram se soltando e se sentindo mais íntimos da garçonete, que estava levando todos os xavecos e paparicadas do grupo na esportiva. Até que o Juliano entrou na questão crucial e a questionou cheio de gracinha, com ar de quem estava esbanjando sabedoria: – Franciele... Fran... Nós já podemos te chamar assim, né? Tu sabias que, conforme uma pesquisa de uma universidade dos Estados Unidos, mulheres de bunda grande, assim como tu, vivem mais e são mais inteligentes? Por isso que eu gosto... Mal sabia Juliano que Franciele tinha pavor do tamanho da sua bunda. Era praticamente um trauma. Fazia academia e dietas das mais malucas possíveis, porém ela não diminuía para seu desespero, apesar da cobiça masculina. Nem foto em que o quadril fosse focado ela tirava. Há alguns meses havia decidido que iria passar por um processo de lipoaspiração e já estava poupando dinheiro para a operação. Ao ouvir a indagação e a referência ao tamanho da sua bunda, a fisionomia animada de Franciele mudou drasticamente e ela lascou sem titubear: – Dizem isso de quem tem a bunda grande é? Interessante... Me tira uma dúvida, então: essa mesma pesquisa dizia que essas mesmas mulheres detectam babacas a quilômetros de distância? Respondeu, bateu em seu ombro e saiu sem olhar para trás. Silêncio na mesa. Até que Fabiano com a sua sabedoria peculiar, comentou: – A pesquisa tinha razão. Mulher de bunda grande realmente é inteligente! E todos caíram na gargalhada...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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