Por que o mundo de hoje é tão diferente do “meu mundo” de antigamente? Eu sei que as coisas mudam, ok! Faz parte do pacote da nossa evolução, mas não seria mais interessante que todas as mudanças fossem de fato para nos trazer dias melhores? De que nos adianta toda esta evolução tecnológica, se humanamente estamos retrocedendo a cada dia? Lembro-me das brincadeiras de crianças: esconde-esconde, amarelinha e ainda sinto o gosto de amora colhidas no pé – que comíamos naturalmente sem lavar e nada nos acontecia, onde o fato mais preocupante que nos acontecia era uma simples queda, andando de bicicleta ou de patins... Ah! Quanta doçura guardo das tardes da minha infância e adolescência, mesmo com uma certa escassez de recursos e da presença da minha mãezinha que sempre trabalhou duro para ajudar no sustento da casa... Quanta falta ela me fez! Quantas reuniões escolares e festas eu desejei tê-la por perto e não tive. Quantas viagens desejei fazer ao lado dela e não fiz... É que ter a presença e a compreensão plena dos pais não era uma coisa muito fácil naquela época. Ah! Mas não precisava de nada, além de um olhar dentro do meu, para que eu sufocasse o choro, a manha, ou seja lá, o que tudo aquilo fosse... Passava! Antigamente o respeito dos pais e estar com eles era tudo... Hoje, estar com os pais é como tomar remédio em conta-gotas, é só em último caso, é só em última instância, é como ir à igreja somente aos domingos e pensar que se garante assim, um pedacinho do céu... Filhos, entendam de uma vez por todas: - Não são os seus pais que precisam de vocês, são vocês que precisam de seus pais! A maior frustração dos pais de hoje, discorre no momento crucial em que inadvertidamente, percebem que no presente, de tanto desejarem ser “presentes”, não haja quem os recebam ou os percebam... Hei, filhos, vocês percebem?
Nota do Editor: Ana Crivelari é formada em Gestão Financeira, porém, desde menina desenvolveu grande paixão pela leitura e escrita. Hoje mantém aceso o seu espírito poético divulgando os seus trabalhos em sua página. Participou da coletânea de dois livros: Gandavos – Contando outras histórias e Considerações sobre a arte de escrever e outras crônicas.
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