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COLUNISTA
Evely Reyes
05/12/2012 - 09h04
Brutus - Um amor de dogue alemão
 
 
Evely Reyes 

Protetores de animais parecem atrair determinadas situações e eu, que me vi envolvida emocionalmente nessa história, acabei resgatando mais um cachorro.

Num domingo do mês de novembro deste ano resolvi ir com os amigos à Praia do Futuro, pois a maré estava seca e boa para todos se deliciarem em suas águas quentes. Embora não fosse tão cedo, conseguimos encontrar uma mesa bem localizada, que nos permitia ter visão de toda a praia.

Tão logo cheguei, percebi um cachorro grande e preto correndo pela orla, em busca de objetos que um homem e algumas crianças jogavam. Algumas vezes eram arremessados mar adentro e ele com toda velocidade se lançava na captura, em direção às águas, retornando em instantes lá do fundo, com o corpo submerso e o objeto na boca.

Curiosa e encantada com seu desempenho queria ver tudo aquilo mais de perto. Aproximei-me.

A alegria dos participantes era contagiante e muita gente observava a exibição do cão pela demonstração de energia positiva e docilidade aos que com ele se divertiam.

Nas pausas criadas para que tomasse fôlego era imediatamente acarinhado pelas crianças e pelo adulto, respondendo efusivamente com seu imenso rabo preto e aquele olhar dos seres profundamente agradecidos.

Ele não queria parar, pois sabia que enquanto conseguisse ser alvo das atenções, correndo de um lado para o outro, teria carinho e pessoas por perto.

Então descobri que aquele cachorro enorme, tão carinhoso, estava abandonado e ninguém ali era responsável por ele: tudo era efêmero, pois estavam a brincar com ele por sua mansidão, mas não o levariam para casa!

Não estava muito magro e percebi que tinha certa idade, pois seus dentes eram desgastados, seu focinho estava branco e para agravar o quadro, estava infestado de carrapatos! A combinação destes itens já era suficiente para que alguém o pudesse ter deixado, pois as pessoas, muitas vezes não têm paciência ou não querem gastar dinheiro e acreditam que a melhor solução é se livrarem do bicho, jogando-o fora como se fosse descartável!

Em seguida retornei ao quiosque e fui informada pelo garçom que aquele dogue alemão havia sido largado ali na praia há três dias.

Fiquei perturbada com a notícia e muito triste, pois era óbvio que ele estava com fome, sede e sua permanência naquela praia tão frequentada por turistas seria impossível. Mesmo dócil, um cão com esse porte assusta as pessoas e mais cedo ou mais tarde acabaria por adoecer, já que necessita de grande quantidade de ração, de cuidados inerentes à idade e aos problemas que provavelmente tem.

O que fazer, meu Deus? Havia prometido a mim mesma que não adotaria mais nenhum bicho, pois afinal, tudo tem um limite e hoje em dia não moro mais em sítio.

O custo é alto para se manter um animal com ração de boa qualidade, vermífugos, vacinas e toda a parafernália necessária para que fique imune de pulgas, carrapatos e outros inconvenientes.

Pensei que num primeiro momento o ideal seria levá-lo para casa a fim de resolver as questões mais emergentes até que conseguisse encontrar alguém que o pudesse adotar.

Ocorre que o tempo em que permaneci na praia, com meus amigos, ele ficou ao nosso lado e demonstrava muita intimidade, como se há muitos anos convivesse com todos que ali estavam.

Um dos meninos que com ele brincava batizou-o com o nome de Brutus, ao que ele prontamente começou a atender!

Na hora de ir embora, alguém conseguiu uma guia e uma coleira, doada por uma pessoa que se sensibilizou com a história e por ali passeava com seus dois cães.

Entrou no carro, sem a menor dificuldade, como se estivesse no caminho de volta para o seu lar, doce lar!

Imagino que nem preciso contar o que aconteceu depois, não?

Entramos no mês de dezembro e o Brutus está muito mais gordo, já atende pelo apelido de Dogão e a todo momento pega as bolinhas que existem pelo quintal, para que alguém se lembre de brincar com ele.

Mas, as rosas são muito lindas, porém cheias de espinhos!

Tão logo foi adotado, passou por um tratamento intensivo, com acompanhamento veterinário, para combater a erliquiose de que era portador. Trata-se de uma doença infecciosa que acomete os cães, transmitida pelo carrapato marrom e que faz com que o animal apresente sangramentos crônicos, cansaço e apatia devido ao quadro anêmico desenvolvido.

Agora está curado e bem mais forte do que na época em que aqui chegou. É muito comilão e está sempre de bom humor.

Tem um latido muito rouco e tem completa noção do impacto que cria diante de seu tamanho. Sabe se impor!

Ele é muito lindo, carinhoso e parece que nasceu aqui em casa.

Dizem os grandes conhecedores da alma canina, que não são os seres humanos que adotam os bichos, mas sim estes que escolhem os seus tutores!

Parece que eles estão cobertos de razão! Se Brutus falasse poderia confirmar isso!


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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