Evely Reyes | |
Meses atrás, depois que Serena e sua filha Bambina foram resgatadas da rodovia CE-040, notei que a mamãe jumenta tinha uma carne esponjosa, na perna dianteira direita, quase próximo ao peito. Era arredondada e passados alguns dias começou a crescer. Chegou a ficar tão grande que estava parecendo uma laranja e conforme caminhava, ao resvalar na outra perna, provocava atrito e consequente sangramento. Comecei a ficar apavorada porque não sabia como lidar com o problema e há muita dificuldade por aqui, em se conseguir um veterinário para ir a lugar afastado, principalmente em se tratando de um animal de grande porte. Serena foi abrigada no sítio em que cheguei a morar, no município de Aquiraz, distante alguns quilômetros de Fortaleza e durante o dia era colocada num terreno vizinho, com mato fresco de sua preferência, em companhia de Bambina, que ainda mamava. Aquela carne esponjosa não apresentava boa aparência e percebi, através do tato que era dura, o que me deixou mais preocupada. Fiz uso daquele spray prateado, conhecido de todos nós protetores, para evitar que as moscas pousassem e mantive o local o mais limpo possível. A situação ficou caótica até o momento em que tive um lampejo franciscano e me lembrei da babosa plantada no vaso lá de casa. Fiz uma pasta de enxofre em pó com aquele gel da planta que é retirada de seu interior e três vezes ao dia Serena recebeu essas aplicações. Aquilo que dava a impressão de ser um tumor maligno sucumbiu à força benéfica dessa planta de múltiplos poderes. Foi murchando e quase que desapareceu, estando hoje do tamanho de um feijão e totalmente seco. Tinha conhecimento de que a babosa era uma planta medicinal, com muitas propriedades e ouvi falar do Frei Romano Zago que pesquisou bastante acerca de suas peculiaridades e desenvolveu uma receita composta de Aloe Arborescens, mel e aguardente para a cura do câncer. Ele divulgou sua descoberta com muito êxito em vários países e inclusive escreveu o livro “Aloé não é remédio... mas Cura!” e “O Cancro tem cura!”, traduzidos em vários idiomas. Sua história atravessou fronteiras, mas a de Serena, apesar de não ter saído de seu município também foi um verdadeiro sucesso. A utilização que fiz dessa planta e o resultado obtido devem ser propagados porque foi a alternativa menos dispendiosa diante da manifestação patológica de que ela foi acometida. Protetores de animais lidam com inúmeros casos e não há dinheiro que chegue, nunca é o bastante. A babosa é antibacteriana, anti-inflamatória e antifúngica, além de ser cicatrizante e excelente para queimaduras. Dizem que Alexandre, O Grande tinha conhecimento desses poderes recuperadores da planta e que chegou a conquistar as Ilhas de Socotorá, no Oceano Indico (sec. IV a.C.), porque ali havia babosa suficiente para curar os ferimentos de seus soldados após as batalhas. Entre outras propriedades sabe-se que tem efeitos rejuvenescedores, motivo pelo qual, conta a lenda, era um dos segredos de beleza de Cleópatra. Dos 22 aminoácidos que nosso organismo necessita, a babosa contem 18 e além de tantos benefícios ainda fortalece o sistema imunológico debilitado. Qualquer pessoa pode ter babosa plantada em casa em seu jardim ou num vaso, pois além de uma beleza diferente é de extrema utilidade. Que tal plantar uma?
Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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