... Caminhamos pela vida, sem sentido, como se o único objetivo fosse passar as horas, e quando as horas passam, fica aquela melancolia, uma saudade apreensiva daqueles momentos que se passaram, mas que pouco se viveu. Hoje saí de casa cedo, como de costume, rumo ao trabalho... O dia estava lindo, ensolarado, quente e se apresentou promissor por tantas obrigações que eu ainda tinha a cumprir. Hoje me deparei com tantas pessoas indo e vindo de suas caminhadas matinais, senti saudades e pensei: - Hoje eu não posso, tenho outros compromissos! Lembrei-me das pessoas desconhecidas, que passei a cumprimentar pela repetição dos dias... Eram "amigos" de caminhada, totalmente desconhecidos, cada um com suas histórias e anseios... Houve um tempo que eu não tinha um emprego, não estava estudando e tudo que eu tinha a cuidar era: uma casa, duas filhas e um amor... E quando a casa estava em ordem, minhas filhas e o meu amor se ocupavam das suas vidas, eu me ocupava da minha... Caminhar pra mim era um prêmio... Um prêmio por tudo que eu tinha e ao mesmo tempo, por tudo que eu não tinha naquele momento. Contudo, tinha tempo pra cuidar da minha mente e do meu corpo, e como isto me fazia bem... Hoje, sinto falta deste tempo que hoje eu não tenho! Hoje as caminhadas que faço é dentro da faculdade onde trabalho e estudo... Praticamente moro aqui... (risos) Caminho da minha sala de trabalho para sala de leitura (onde escrevo este texto), daqui vou pra sala de aula e saio só quando já é tarde e o que me resta é ir pra minha casa (não tão cuidada como antes), rever as minhas filhas e mandar um e-mail ou uma mensagem pro meu amor. Hoje falta-me tempo até para cuidar deles como eu gostaria... O que eu realmente espero que este meu novo jeito de caminhar me conduza à algumas realizações pessoais... Afinal, caminhar é preciso!
Nota do Editor: Ana Crivelari é formada em Gestão Financeira, porém, desde menina desenvolveu grande paixão pela leitura e escrita. Hoje mantém aceso o seu espírito poético divulgando os seus trabalhos em sua página. Participou da coletânea de dois livros: Gandavos – Contando outras histórias e Considerações sobre a arte de escrever e outras crônicas.
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