Evely Reyes | |
De 20 a 23 de setembro do corrente ano está prevista a realização da vaquejada na cidade de Itapebussu - CE. Todos poderão assistir à correria de um boi, após sua submissão ao medo, às agressões, às pancadas e choques elétricos, perseguido por dois vaqueiros a cavalo, um de cada lado, até o ponto de ficar entre ambos, para ser derrubado através de gesto brusco de tração pelo rabo, num determinado trecho marcado da arena. Na maioria das vezes, ocorre a luxação das vértebras que compõem sua cauda, como também o rompimento dos ligamentos e dos vasos sanguíneos, ocasionando portanto, lesões traumáticas. O rabo é a continuação da coluna vertebral e inúmeras situações acontecem em que é arrancado, comprometendo com esse golpe toda a medula espinhal e provocando lesões traumáticas por demais dolorosas em razão da conexão existente com os nervos. Não é difícil de imaginar a extensão do desespero e do sofrimento desses animais, que podem até ter sido tratados com muito zelo e bem alimentados anteriormente, mas que no momento do evento passam a ser objeto de selvageria desmesurada. Nenhuma tradição ou cultura tem o direito de existir fazendo uso de maus-tratos ou crueldade contra os animais e estará incorrendo em crime previsto no artigo 32, da Lei 9605/98. Não existe meio de se mitigar esse resultado, a não ser retirando os bichos da participação do evento. Em prol dessas vítimas não humanas, tão escravizadas por esse tipo de atividade, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto 2086/11, de autoria do deputado Ricardo Trípoli, que não só proíbe laçadas e derrubadas de bois e bezerros em rodeios e eventos parecidos, como prevê penalidades para seu descumprimento e demais especificações. Em contrapartida, temos os Projetos 3024/11 e 2452/11 que pretendem regulamentar a vaquejada como atividade esportiva e como atividade desportiva formal. Existem pessoas que não conseguem compreender que os animais são sencientes e portanto, sentem alegria, prazer, dor, medo, sofrimento e pavor! Não é questão criada pelos protetores, mas sim comprovação da ciência através de inúmeras pesquisas. É certo que enquanto a brutalidade fizer parte do cotidiano e dos costumes de uma população, haverá uma distância muito grande para que ela conquiste a paz e a harmonia entre seus pares, pois todos nós estamos interligados e temos a mesma essência! Se não existe consideração do ser humano por outros seres vivos ou preocupação pelo seu bem-estar, como ele pode querer atingir o verdadeiro equilíbrio em sua existência? Encontrar satisfação através do sofrimento e da dor de outro ser vivo não pode trazer benefícios a ninguém e nem ser agradável a quem entende a vida como algo sagrado, pois esta ofensa à integridade alheia é ocasionada pela ausência de compaixão e de respeito. É preciso sair deste caminho, pois ele incita mais violência e agressividade e nos leva cada vez mais longe de um mundo melhor!
Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
|