Evely Reyes      Marronzinho ou Bilú.

Marronzinho e seu amigo Preto e Branco moravam no terreno de uma fábrica que confecciona pergolados de cimento no bairro Jardim das Oliveiras, aqui em Fortaleza. Com a venda da empresa o proprietário mudou-se e abandonou os dois cãezinhos no local, porque não mais necessitava que eles fizessem a segurança do imóvel e do material que ali se encontrava.

O novo responsável pela fábrica não teve interesse em permanecer com os dois animais e a partir daquele momento, literalmente “jogou-os fora”! Em razão disso, passaram a perambular, procurando sobreviver como andarilhos pelas ruas do bairro, sem rumo ou destino, à procura de água e comida.

Mais uma história, semelhante a tantas outras que ocorrem em demasia nas cidades deste Brasil, porque as pessoas simplesmente resolvem descartar os animais, como se fossem coisas ou lixo.

Numa fatídica tarde, cansado de tanta andança pelo sol causticante da Fortaleza, Marronzinho resolveu descansar encostado ao meio-fio, sob a sombra da marquise de uma parada de ônibus.

Segundo uma testemunha que estava próxima, seu sossego durou pouco, pois foi atropelado de forma proposital por um motorista desumano, portador de um coração de pedra.

Por motivos óbvios, o autor do crime seguiu seu tresloucado caminho, mas um protetor de animais resgatou esse cãozinho e com o auxílio de outras pessoas sensíveis ao seu sofrimento foi socorrido e encaminhado a uma veterinária, para os cuidados de emergência.

As duas pernas traseiras estão fraturadas na altura do fêmur e por sorte não teve comprometimento de nenhum órgão mas está impossibilitado de andar, pois necessita de uma cirurgia de alto custo, para a qual não se tem nenhum recurso.

A consulta, radiografia e os medicamentos utilizados foram custeados pelos protetores de Marronzinho, que neste momento está autorizado a permanecer recolhido no terreno da mesma fábrica de pergolados de cimento, à Rua Antônio Rocha, até que sua situação seja resolvida.

Encontra-se sob os cuidados das mesmas pessoas que o socorreram e que todos os dias fazem sua higiene, o alimentam e cuidam dele de forma adequada.

Diante do impasse criado pelo obstáculo financeiro, estes protetores decidiram por uma alternativa menos onerosa que é encomendar uma cadeira de rodas para que ele possa se locomover, pois existem pessoas que tem habilidade e a constroem com material reciclável, de baixo custo; talvez seja preciso pagar o frete, mas sem dúvida algo bem distante da cirurgia tão complexa que foi cogitada.

Para completar, já está quase garantido um novo lar para o personagem principal desta história, que a partir de então será tratado com muito carinho e respeito.

Marronzinho tem apenas três anos, é muito meigo, não merece que sua existência seja ceifada tão bruscamente, uma vez que foram encontradas opções com qualidade e viáveis para que permaneça entre nós.

Não deseja morrer e quer ser feliz, como todos os seres vivos deste planeta.