Aninha namorava escondido, morria de medo do pai muito severo. A mãe, querendo ajudá-la, achou um jeitinho de convencer o marido a aceitar a situação, ao menos permitir o namoro. Não precisava convidar o rapaz para entrar, era só deixar a filha de vez em quando dar uma voltinha, ir ao cinema com o garoto, afinal ela já estava mesmo na idade de namorar. De início o homem relutou, mas por fim acabou concordando. Aninha ficou exultante, logo telefonou para contar a boa nova ao namorado. Agora ele podia vir buscá-la em casa! E no domingo à tarde, enquanto a filha se preparava lá no quarto, seu Pedro resolveu limpar umas armas de sua pequena coleção. Estava ele a lustrar uma espingarda quando a campainha tocou. Distraído, abriu a porta com a arma na mão. Lá fora um rapaz arregalou os olhos e imediatamente levantou os dois braços. Mal conseguia falar... Era o namorado da Aninha! O caso aconteceu há mais de trinta anos. Como nesse meio tempo seu Pedro morreu, Aninha e o marido não sabem até hoje se foi mesmo distração do velho ou se naquele dia ele quis dizer “olha aqui, rapaz, eu permito que você namore minha filha, mas tome cuidado, viu?”...
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