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COLUNISTA
Evely Reyes
12/09/2011 - 08h00
Um cão sobrevivente de nome Vitório
 
 
Divulgação 

Estava distraída no momento em que percebi um veículo da marca Fiat - modelo Palio, de cor prata, trafegando próximo ao acostamento da Av. Leovigildo Dias Vieira, no bairro do Itaguá, Ubatuba (SP) e tudo aconteceu muito rápido, após o atropelamento daquele cão. O condutor do automóvel não freou nem desviou e simplesmente continuou seu caminho, displicente, como se nada houvesse acontecido.

Indignada com os fatos segui o responsável, enquanto um casal tentava socorrer o cão, que urrava de dor.

Alguns minutos depois o motorista criminoso estacionou o veículo diante de uma casa que imaginei ser sua residência e na esperança de ser atendida comecei a narrar os fatos, com muita ansiedade e a solicitar seu retorno ao local para acudir o animal.

Alegou que “não tinha visto e que nem conseguiu desviar”.

Para minha decepção, ele ainda respondeu que não iria a lugar nenhum porque “tinha mais o que fazer”!

Argumentei que o pobre bicho se encontrava naquele estado em razão de sua imprudência. Disse-lhe não ser correto conduzir um veículo pelas ruas sem prestar atenção, pois a ausência de cautela pode gerar prejuízos e danos irreparáveis.

Mas tudo foi em vão e ele literalmente “deu-me as costas”.

Percebi que estava ali perdendo meu tempo e que seria mais útil amparar o animal atropelado, mas assim que voltei ao local tomei conhecimento de que ele não havia sido resgatado. As testemunhas disseram que ficou muito agressivo, diante da dor insuportável, não permitindo que alguém o tocasse.

Foi encontrado no mesmo dia no trevo da Rodovia Rio-Santos, desfalecido e atacado pelos urubus.

Os amigos protetores Miriam, Laís e o Binho recolheram o pobre cão encaminhando-o ao veterinário Leandro.

Segundo diagnóstico é provável que ele volte a andar, apesar das fraturas nas duas patas do lado direito e na bacia.

Os gastos com os medicamentos e o atendimento veterinário ultrapassaram a quantia de R$ 1000,00 (Um mil reais), mas o que perturbou todos os protetores e defensores de animais, deixando-os mais embravecidos foi tomar conhecimento de que o motorista causador do atropelamento manifestou seu interesse em mover processo contra mim, por ter utilizado as redes sociais da internet para investigar o nome do criminoso, tendo apenas como pista o seu endereço.

Este é o Mundo dos Valores Trocados, onde as pessoas ofendem a integridade física de outros seres vivos, ocasionam-lhe danos irreparáveis, ignoram as consequências e ainda têm atitude de revolta diante de manifestações contrárias aos seus atos criminosos.

Sempre tive muito respeito pela Natureza e por todos os seus componentes. Como bióloga, direciono minhas ações com bom senso e equilíbrio em relação a todos os seres existentes neste Planeta.

Quero deixar bem claro que não tive intenção nenhuma em prejudicar o motorista infrator, que não sinto arrependimento pelas atitudes que tomei para salvar o cão atropelado e que se voltasse no tempo, teria o mesmo comportamento. Não acho justo que alguns indivíduos prejudiquem e desgracem outras vidas e não respondam por tamanha inconsequência. A impunidade não é um direito, é característica de um sistema ineficaz.

Tenho consciência que as pessoas que cometem crimes contra animais não são devidamente punidas porque as Leis brasileiras são muito brandas, mas tenho certeza que as Leis do Universo são incorruptíveis, rígidas e infalíveis para quem quer que seja e independente de sua posição social!

Atropelado na manhã de 11 de agosto, dia da fundação dos cursos jurídicos no Brasil, foi batizado com o nome de Vitório. O desfecho de sua história talvez não seja um exemplo de Justiça, mas uma narrativa de absoluta solidariedade, amor e compaixão vivenciada por todos aqueles que contribuíram para que ele permanecesse vivo, em resposta ao ato de um único indivíduo desumano, egoísta, criminoso!

Este ser humano cruel é o único infeliz desta breve crônica, pois não poderá fugir das consequências de suas atitudes, uma vez que as Leis do Universo são implacáveis!

Hoje Vitório está fazendo parte de minha família, recebendo atenção e carinho necessários para o desfrute de uma vida saudável e segura.

Adotar um cão faz bem para quem tem essa iniciativa, pois o carinho e a lealdade de um animal tornam a vida mais feliz.


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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