Se esta senhora ainda estivesse presente nesse mundo completaria 85 anos de idade no dia 26 de agosto. Tenho boas recordações e uma imensa saudade, pois ficou muito amor de nossa tão agradável convivência. Nossa história teve início porque minha mãe apresentava uma saúde frágil e a partir do dia em que nasci sua bronquite asmática ficou mais agravada, a ponto de necessitar de muitas internações hospitalares. Nestas idas e vindas, em razão de meu pai estar sempre no trabalho, minha tia Helena era a pessoa que cuidava de mim, em todos os minutos. Com o passar do tempo ela acabou por se dedicar inteiramente em razão do falecimento de minha mãe. Ela foi casada, mas desquitou-se aos vinte e um anos de idade e por ser uma mulher à frente de seu tempo, havia estudado na Fundação Armando Alvares Penteado, trabalhava fora, fumava e conduzia seu próprio veículo pelas ruas do bairro do Cambuci, em São Paulo. Aprendi o que era o amor de mãe de alguém que não era verdadeiramente minha mãe. Nunca tive nenhum tipo de dificuldade com isso e fui muito grata a ela por todo o seu afeto. Soube discernir, através de seus ensinamentos, que tudo de ruim que acontece em nossas vidas têm uma razão de ser e que não se pode desanimar diante das adversidades, pois sempre existe alguém com problemas maiores. Eu brincava com ela muitas vezes e dizia que era “dona da cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras” diante de seu extenso vocabulário, pois não havia palavra que não conhecesse o significado. Era possuidora de vasta biblioteca, composta por livros de diversos gêneros e sua maior alegria era ser presenteada com mais um, fosse de autor nacional ou estrangeiro, desde que de qualidade. Nossa vida em comum foi sempre pautada na sinceridade e no respeito, motivo pelo qual nos tornamos grandes amigas. Pensar nela é recordar os momentos maravilhosos que foram compartilhados, rememorar a grande pessoa que ela foi, com sua personalidade forte, muito alegre, metódica, íntegra e completamente autêntica. O Universo conspirou para que ela viesse ao mundo no dia 26 de agosto de 1926 e demonstrasse às pessoas a importância do amor incondicional de uma pessoa que se torna mãe sem na verdade ser! Que esteja em Paz onde estiver e saiba que jamais será esquecida!
Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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