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COLUNISTA
Evely Reyes
04/07/2011 - 07h00
O sofrimento não é privilégio do ser humano
 
 

No início da semana passada tomei conhecimento pela internet que uma toureira espanhola de nome Conchi Rios foi atingida em sua perna direita pelo chifre de um touro numa corrida na cidade francesa de Rieumes. A lesão primeiramente foi de 15 cm, depois com o animal em movimento por uns cinco metros e ela presa ao chifre houve certo giro e o aprofundamento de mais 10 cm, causando danos musculares e quase atingindo a artéria femural.

O ferimento foi grave e aos vinte anos de idade, naquela situação, escapar da morte foi considerado um “milagre”.

Fico imaginando o que passa na cabeça de uma mulher dessas para eleger a tourada como sua atividade profissional.

Geralmente as representantes do sexo feminino são menos agressivas e ao desempenharem com menos frequência o papel de algozes diante de seus semelhantes bem como diante da Natureza, vão para as prisões do mundo em menor quantidade. Nos casos de pedofilia, são autoras do crime em número muito inferior, assim como no incesto a imensa maioria é do sexo masculino.

Conchi Rios já tem experiência no que faz, pois já toreou em Sevilha, Barcelona e outras localidades da Espanha, mas desta vez não foi bem sucedida ao sair pela primeira vez fora de seu país.

Por sua vez, o infeliz do touro que já estava ensanguentado tinha cravadas muitas bandarilhas em seu dorso no momento em que seu chifre perfurou a coxa da destemida espanhola. Óbvio que o animal não teria virado notícia em razão de seu indiscutível sofrimento, pois os amantes dessa atrocidade de extremo mau gosto ainda tem a desfaçatez de argumentar que o bicho é tão resistente que não sente dores.

Essa perversa atividade é provocada intencionalmente contra um ser vivo, por puro deleite e sem sua compreensão: considero uma barbárie!

Tudo se inicia no momento em que o animal é levado para a “praça de touros”, proveniente do local tranquilo onde foi criado e perde 10% de seu peso no percurso e com o estresse de ser preso num curral escuro antes de entrar na cena dantesca a que é destinado. Seus chifres, que tem terminais nervosos nas pontas, são cortados e limados sem anestesia e ele é conduzido com varas pontiagudas, com ferrões, e a pauladas.

Com a abertura da tourada, já muito enfraquecido e apavorado, o animal é atacado por cavaleiros que o ferem com suas lanças e os cavalos participantes sempre saem golpeados pelas investidas do touro ou pelas esporas de quem os monta.

Na sequência o touro recebe no dorso bandarilhas e ferros que variam de 08 cm a 30 cm, com arpões na ponta, que servem para dilacerar tendões e músculos que sustentam sua cabeça, a fim de que diminua suas investidas e ofereça menos perigo ao perder sua altivez. O sangue jorra não só dos profundos ferimentos como muitas vezes chega a estar no vômito, apresentando um espetáculo hediondo, que tem continuidade com os chamados forcados: geralmente oito homens que passam a empurrar, socar, puxar o rabo, desferir pontapés e a atacar a exaurida e quase vítima fatal.

O matador oficial utiliza-se de uma pequena capa para driblar o touro e colocá-lo na posição ideal de ser atingido por uma espada de quase um metro de comprimento. Quando o desempenho do toureiro é excepcional ele tem direito ao prêmio maior, que é ganhar as duas orelhas e o rabo do touro cortados na hora!

Esta sequência efetivamente não aconteceu para a corajosa toureira espanhola, pois fatos alheios a sua vontade, provenientes de um moribundo animal, destruíram num passe de mágica o final glorioso da prática profissional de selvagerias populares!

Infelizmente o destino do touro deve ter sido o de sempre: sair da arena arrastado para em seguida ter suas carnes cortadas, a fim de lhe serem arrancados os ferros e os arpões que têm em média 02 cm de largura.

O requinte com que o espetáculo é conduzido torna óbvio que esta última cena de bastidores se dá com a vítima ainda viva, pois é improvável que após tanta atrocidade alguém vá se preocupar em anestesiar o bicho só para resgatar as ferramentas com que foi torturado.

É inacreditável que o ser humano seja protagonista de brutalidades dessa espécie e que existam retrocessos em algumas localidades, como o caso da França, que há aproximadamente três meses declarou a tourada como um bem de interesse cultural, isento de ser tipificado como crime apesar da crueldade praticada contra os animais.

Tentar justificar essa iniciativa alegando que são tradições comprovadamente ininterruptas foi um “golpe de mestre” do país, mas efetivamente o que se demonstra é a preferência pela violência e barbárie, muito própria do século XVIII, em que a guilhotina era considerada um instrumento “humanitário” de justiça!


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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