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COLUNISTA
Evely Reyes
10/05/2011 - 09h00
Hanna
 
 
Arquivo Evely Reyes 

Existe uma frase do Caetano Veloso que me veio à cabeça neste minuto que é a seguinte: “É incrível a força que as coisas podem ter quando elas precisam acontecer”.

Não sei ao certo e com detalhes como foi que ela quebrou as duas pernas da frente e de onde exatamente ela caiu, mas tenho conhecimento de que seu dono a abandonou à porta do “lugar onde se cuida de cachorros”, como me foi contado. Ela morava no bairro do Perequê-Açu e por motivos desconhecidos encontrava-se no Centro da cidade, onde sofreu fraturas ao cair do primeiro andar de uma obra, ou imóvel em reforma que não sei precisar.

Segundo consta, por ser uma cachorra “velha” e com certeza devido à falta de recursos para custear suas despesas ela foi deixada à frente de uma clínica veterinária e dali encaminhada ao Centro de Controles de Zoonoses - CCZ.

Imagino que enorme seria a chance de Hanna entrar na lista para eutanásia, pois a cirurgia necessária a sua reabilitação iria requerer procedimentos muito complexos, com um custo muito alto, diante da situação caótica em que se encontravam suas pernas.

Há aproximadamente um ano atrás, sensibilizada com quadro tão triste e após autorização do órgão competente, uma protetora voluntária de animais levou-a para um abrigo particular a fim de que seu destino tivesse outro rumo, muito diverso da simples e pura morte.

No último domingo de Páscoa a cidade de Ubatuba foi abalada com fortes chuvas que inundaram o município e Hanna bem como os outros animais foram transferidos emergencialmente do abrigo para residências de outros protetores voluntários, pois o nível da água havia subido demais, tornando impossível a permanência dentro dos canis.

Passados mais de oito dias, inexplicavelmente Hanna sumiu e então foram distribuídos cartazes pela cidade e veiculadas mensagens na internet, nos jornais e nas rádios sobre seu desaparecimento, com o oferecimento de gratificação para quem a encontrasse.

Eu, que me encontro esta semana em Ubatuba, participei dessa busca em colaboração com os demais, pois por razões óbvias seria impossível ficar à parte.

Desde o momento em que Hanna saiu do CCZ, há mais ou menos um ano, imediatamente foi sendo tratada e submetida às cirurgias necessárias, permanecendo no abrigo particular de protetores independentes. Ocorre que apesar da celeridade com que foi cuidada após sua saída do CCZ, sua recuperação foi muito lenta, pois o procedimento cirúrgico deveria ter sido realizado no dia em que sofreu as ditas fraturas.

Ela é uma cachorra branca, com manchas próximas dos olhos, que lhe dão uma expressão muito simpática e bonachona, aliada à sua personalidade meiga e seu parentesco com a raça Bull Terrier, que por natureza tem um temperamento equilibrado e bom para com os seres humanos.

Após muita divulgação sobre seu desaparecimento recebi a notícia de que a cachorra foi encontrada exatamente na casa do ex-dono e que aparentemente estava bem.

Por uma conspiração total do Universo, saí à rua em companhia de minha amiga protetora de animais, na casa de quem encontro-me hospedada. Inesperadamente em determinada lugar do bairro do Perequê-Açu, lá estava a Hanna, vagando, sem eira nem beira. Percebendo que ela estava pela rua aparentemente como cachorra abandonada, de imediato foi levada para um local seguro a fim de que recebesse os cuidados necessários e o respeito que um ser vivo merece ter.

Nada acontece por acaso e as manifestações de Deus são muito sutis quando há bom entendedor.

Hanna é muito carente e tem amor demais para dar, além do que faz questão de demonstrar o quanto é agradecida por mais uma vez ter sido recolhida do abandono a que estava entregue.

Está mancando da perna direita e pelo que se sabe encontra-se com uma alergia atópica, mas em nenhum momento deixou de confirmar toda a sua alegria, com o ir e vir de seu rabo, numa constante comprovação de felicidade.

Tomo a liberdade de agradecer, em nome dela, que não sabe falar a todos aqueles que colaboraram na sua busca e a todos que de alguma forma permitiram que seu destino fosse traçado com dignidade, do jeito que Deus inicialmente arquitetou e fez acontecer.


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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