Evely Reyes

Por volta das 06h00min acordei e não tive dúvida em levantar porque estava atenta ao horário em que deveria ir até o abrigo de cães da UPAC levar os miúdos de frango para os cachorros. Uma vez por semana recolho as doações e em colaboração com a entidade União Protetora dos Animais Carentes, faço o transporte do necessário ao bairro da Praia de Sabiaguaba, aqui em Fortaleza, no Ceará.

Eles são animais abandonados, em recuperação, atropelados, maltratados, tirados das ruas pelos voluntários da ONG. Não chegam ao número de cinquenta e encontram-se bem alimentados, mas com necessidade da atenção que normalmente qualquer um requer ao longo de sua existência, principalmente no caso dos resgatados das ruas.

Um bicho largado em via pública, sem cuidados, além de ser desumano, ainda compromete a saúde pública com os eventuais problemas que ele pode vir a ter, afeta o meio ambiente e espanta qualquer turista que chega a uma cidade onde há cachorros, gatos ou cavalos doentes perambulando pelas ruas.

Cuidar de um animal não é fácil, por isso sempre digo que na pretensão de adotar um há que se pensar muito bem a respeito, pois não só de alimentação e água ele vive. Necessário se faz verificar que não existam pulgas, carrapatos, se está vacinado, se foi vermifugado e por aí a fora, além de presumir que ele também vai envelhecer, como nós, e em decorrência disso solicitará maior dedicação.

Após o término de minha tarefa com relação aos bichos da Sabiaguaba, retornei a minha casa refletindo durante o caminho sobre o fato de estar ali num domingo de Páscoa.

Penso que essa pequena atividade, entre outras minimiza um pouco o sofrimento destes animais, mas há muito que fazer em relação a tantos outros seres que também fazem parte da Criação e merecem o mínimo de respeito.

Uma Força Superior, Inteligência Suprema e causa de todas as coisas, é responsável pela constituição do Universo, arquitetou a existência dos planetas, das estrelas, dos demais corpos celestes, bem como de todos os seus componentes físicos, das plantas, dos animais e do ser humano.

Tudo tem uma programação coordenada e planejada em detalhes com objetivos maiores de equilíbrio e estabilidade entre todos os seres e formas de vida e não é possível que o ser humano que tem a capacidade de pensar pelo privilégio de possuir a inteligência não consiga preservar e respeitar essa grandiosa obra. Ele precisa assumir o papel de tutor do planeta por sua condição racional e entender que ele e a natureza são um só ente, motivo pelo qual, sofrerá consequências em razão de sua destruição.

Outro dia tomei conhecimento, por exemplo, de que as abelhas melíponas são responsáveis por 30 a 90% do processo de polinização de plantas dos diferentes biomas brasileiros e das culturas agrícolas.

Fiquei encantada com a minha descoberta e pensei que muita gente também ignora as inúmeras maravilhas que acontecem diariamente no planeta. A função de cada ser está intrinsecamente ligada a tudo que o cerca como parte da natureza que é em toda sua biodiversidade. Existe equilíbrio e estabilidade entre as muitas variedades genéticas de populações e espécies, flora, fauna, microrganismos, seus habitats e ecossistemas.

Não fosse o homem com sua ambição, seu desassossego e tanta insatisfação o planeta seria outro. O que se entende por progresso pode vir a ser o caminho da ruína do ser humano caso não seja considerado o fato de que esse desenvolvimento tem que ser sustentável, suprindo as necessidades da geração atual sem esgotar os recursos para o futuro, que são finitos.
As atitudes têm que ser sustentáveis, pois a preservação do meio ambiente presume respeito em relação a todas as formas de vida, se não ela é inexistente.

Numa das ruas de acesso à casa em que moro existe uma pintura num muro que descreve o diálogo entre um homem e seu neto, no ano de 2030, durante o momento em que observam uma árvore num museu e traduz muito bem tudo aquilo que foi dito. Foi elaborada de modo simples, mas encerra uma mensagem muito objetiva e plena de conteúdo.

Vale muito prestar atenção!

Ainda vou descobrir seu autor a fim de parabenizá-lo pela obra!