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COLUNISTA
Evely Reyes
23/04/2011 - 08h03
O significado de verbalizar
 
 

Dizia minha mãe que no tempo dela as pessoas tinham “palavra” e que atualmente não se podia confiar em mais ninguém. Lamentava o fato de que todos estavam muito mudados e que o ser humano havia perdido a sensibilidade em relação aos seus pares na busca frenética do próprio bem estar material.

Muitas vezes eu ouvia falar que era firmado contrato verbal entre as pessoas com uma simples combinação que definia e determinava objetivos, sem a necessidade do acordo escrito.

A palavra dada era respeitada porque acima de tudo considerava-se o compromisso assumido e cada vez que ela era honrada por um gesto, tornava-se mais forte, dignificando as relações entre as pessoas.

No momento em que você promete algo transmite a intenção de que isso seja realizado, despertando na parte contrária a expectativa de que o fato seja concretizado.

Firma-se uma esperança baseada num suposto direito, probabilidade ou promessa.

Vou ainda mais longe que minha mãe e penso que nos dias de hoje até o contrato escrito perdeu seu valor. É obvio que com ele podem ser reivindicados os direitos da parte necessitada junto aos órgãos competentes, mas a questão maior é o descrédito do ser humano com relação a ele mesmo e o desgaste por ter que chegar às portas de um Tribunal de Justiça para fazer valer um direito.

O bom senso demonstra que o imaginado seria que tudo aquilo que fosse verbalizado tivesse efetivada sua devida consequência. No momento em que alguém se manifesta oralmente, faz uso das palavras para revelar intenções, pensamentos ou objetivos.

A importância dada aos bens materiais supera a seriedade com que se encara o ideal de moral e ética em vigor e então o desrespeito passa a ser uma regra e o ser humano a eterna vítima de seu próprio sistema.

Outro dia passei por uma experiência muito desagradável e até agora estou inconformada. Assinante da Sky há muitos anos, solicitei mudança de endereço em razão da alteração de domicílio para uma área não mais distante que quinze quilômetros da anterior.

Foram agendadas sete visitas técnicas, ao longo de quase vinte dias, mas em nenhuma delas houve a presença do representante para os trabalhos necessários bem como nenhuma satisfação pela ausência.

A Central de Atendimento nas primeiras vezes informou que o técnico não compareceu alegando grande quantidade de serviço e em seguida a impossibilidade de contato pelo telefone, no caso, um fixo e dois celulares.

Posteriormente fui contemplada com a fatura, via correio, no valor integral, apesar de estar sem a transmissão de sinal da Sky. Totalmente indignada, diante de tamanha irresponsabilidade e desatenção dei procedimento ao pedido de cancelamento, cortando quaisquer vínculos para com a mencionada operadora de TV por assinatura.

Tomei conhecimento de que o interesse da firma encarregada pela terceirização dos serviços aqui em Fortaleza é de angariar novos assinantes, sem a menor preocupação com os antigos, como pude comprovar três dias depois, com a instalação da antena em nome de novo assinante, que não eu!

Todo o discurso divulgado, a promessa feita e as desculpas dadas não passaram de balela. Soube que a terceirizada Satélite Center é conhecida pelo grande número de reclamações nesse sentido e parece não se preocupar com isso, assim como a Sky, que a elegeu como uma das representantes de sua marca.

Exemplos não faltam e não existe quem não tenha sofrido algum tipo de dissabor com relação a algum direito adquirido que de fato não se efetivou.

Filosofando um pouco a respeito, acredito que a partir do instante em que alguém fala sem pensar nos resultados, é também capaz de agir inadvertidamente. Seu potencial se perde no trabalho sem afinco, no viver sem amar ou no ser simplesmente por existir, desprovido de respeito pelo próximo e por si mesmo.

As pessoas físicas são parte do lugar em que trabalham e representam e falam em nome desta pessoa abstrata para a qual prestam serviço. Devem agir de acordo com o que verbalizam.

Ninguém está livre de errar, mas fazer uso do poder da palavra com intenção diversa do que ela literalmente significa transforma-se numa armadilha de péssimo gosto. Parece coisa de político profissional, que é o que mais se tem por aí.

Se eu disser ao outro tudo aquilo que desejo que ele me diga e não disser o que não quero que me diga estarei praticando uma verdade absoluta, sem arrependimentos posteriores pelas consequências de minhas palavras.


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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