Duas “conhecidas” caminham em sentido contrário em frente a uma estação rodoviária, quando se cruzam, elas se olham e param de caminhar, iniciando uma conversa. - Oi Tânia, tudo bem? - Tudo bem! Mas tu confundiste porque eu sou a Val. Tânia é a minha irmã. - É que vocês são muito parecidas e eu para guardar a fisionomia das pessoas sou uma tristeza. Desculpa! Tudo tranqüilo, então? - Tudo sim! - E a Tânia vai bem, né? Aquela louca! Há! Há! Há! Faz tempo que não a vejo... - É... É... Agora pode se afirmar que sim! O pior já passou... - Ué! O que houve? - Ela está hospitalizada na capital. Pegou uma pneumonia e quase partiu dessa para uma melhor... - Que coisa, guria! Nem sabia... Também, a gente vive nessa correria. Não tem tempo para mais nada... - Pois é... Mas, agora, ela está bem. Deve receber a alta médica na próxima semana... - Que bom! Vou ver se consigo ir visitá-la... - Vê se vai sim! Ela vai gostar... - Ela continua morando na casa ao lado da mãe de vocês? - Arãn! - Vou ver se vou mesmo! E a mãe? Vai bem a “Véia”, né? Nunca mais a vi, também! - E nem vai ver mais... - Ué! O que aconteceu? - A mãe... A mãe... Não soube? - Não! - A mãe faleceu há uns cinco meses... - Não brinca, guria! Capaz? - Arãn. Estava com câncer no intestino e não resistiu. Corremos para tudo que é lado com ela, levando em médico, trocando de hospital, mas, enfim, Deus quis assim... Fazer o quê... - Meu Deus! Nem fiquei sabendo... Meus pêsames, querida! Desculpa por não ter podido ir lá abraçar vocês... - Tudo bem! Não tem problema... - Fiquei até vermelha agora. Que vergonha! - Não te preocupa com isso... - Ai guria! Como são as coisas... - Pois é! Fazer o que... - Bom! Pelo menos está esperando algo para animar a família aí, hein? Já sabes se é menino ou menina? - Como assim? - Está de quantos meses? - Ah, tá! Agora entendi. Não estou grávida, não! Estou gorda mesmo, mulher! - Ah, bom! Achei... - Preciso ir porque está na hora do meu ônibus! Bom te ver, Lúcia! - Também! - Aparece! - Tá... - Tchau! - Tchau! Lúcia se despede e sai se perguntando: - Por que eu não deixo a minha boca fechada, meu Deus? Assim não precisava passar por cada situação, cada constrangimento... Que vergonha!
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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