Exceto os casos de loucura extrema (considerando mães psicopatas que jogam seus filhos numa lata de lixo, num córrego, ou coisa parecida...) ser mãe é ser uma heroína nata, embora isto nos exija também uma certa loucura. Quando bebês, os envolvemos em nossos braços, e conversamos com tanto mimo, que inadvertidamente pronunciamos palavras erradas, como se este gesto nos aproximasse ainda mais. Quando crianças, tentamos os corrigir o tempo todo: não é assim que se fala meninaaa... Tá falando errado... Não é assim que escreve e por aí vai! Ah mas quando entram na adolescência... Ou entramos no seu mundo ou estaremos fora dele! Aí inevitavelmente voltamos a falar errado, a escrever errado, e é a sua linguagem que nos comanda de forma tão dilaceral que em alguns momentos, como em uma reunião no trabalho por exemplo, temos que nos vigiar o tempo todo para não soltar nenhuma aberração gramatical. É... é osso mesmo! Ensinamos errado, ensinamos certo e por fim cedemos... erramos também! É incrível como nos vemos nas atitudes deles, como voltamos no tempo e vemos se repetir as diferenças que compõem este relacionamento mãe/filhos, e por mais que elas existam, não há no mundo maior possibilidade de aprendizado, de renúncia e de muitos ganhos! Quando crianças nos querem por perto em tempo integral, principalmente quando não podemos. Quando a adolescência chega, quanto mais longe ficarmos melhor, isto só não é válido pros almoços de domingo (é a mãe que sempre vai pra cozinha...), e quando o mundo parece lhe virar as costas... Ah como nestas horas nos tornamos anjos guardiões. É árduo o trabalho de uma mãe! Temos um amor incondicional e a obrigação de sabermos a hora de nos recolher, de deixá-los livres para fazerem suas escolhas, apesar da nossa experiência de vida nos revelar secretamente aonde é que tudo isto vai dar e ainda assim, temos que deixar fluir... As decepções é o que nos leva ao aprendizado, então, com o coração dilacerado, muitas vezes "deixamos ir" e naturalmente nos preparamos para recebê-los de volta para o aconchego. Ser mãe é ter uma vida fragmentada: De longa espera; De puro sentimento, De mimos... ensinando errado, ensinando certo pra depois aprender errado! Ser mãe é procurar se adequar o tempo todo... É ensinar, preservar, pedir e as vezes até suplicar! É ter que perdoar e acima de tudo amar! Ser mãe é ser uma heroína nata e ainda não basta!
Nota do Editor: Ana Crivelari é formada em Gestão Financeira, porém, desde menina desenvolveu grande paixão pela leitura e escrita. Hoje mantém aceso o seu espírito poético divulgando os seus trabalhos em sua página. Participou da coletânea de dois livros: Gandavos – Contando outras histórias e Considerações sobre a arte de escrever e outras crônicas.
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