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COLUNISTA
Evely Reyes
11/01/2011 - 09h00
Amigos de quatro patas
 
 
Evely Reyes 

Hoje parecia um típico domingo paulistano com aquela garoa fina e o céu todo nublado. Além de já estar no tempo de começarem as chuvas de inverno aqui pelo Ceará acredito que houve a influência da lua nova, propiciando esta semana tão úmida.

No momento em que o chuvisco estava mais ameno foi possível levar a Preta para dar uma caminhada até a praça. Ela é aquela cachorra sem raça definida que resgatei da praia do Futuro há alguns meses, com a perna esquerda traseira quebrada em dois lugares.

O veterinário Dr. Marcondes, após a cirurgia, esclareceu que seriam necessários alguns meses para que ela conseguisse apoiar a pata afetada, pois o processo de recuperação ia ser lento em razão de como tudo ocorreu.

Ela gosta de fazer caminhadas e é “cheia de vontades”, pois em sua vida de aproximadamente sete anos sempre fez o que quis. Detesta quando coloco a guia em sua coleira e demonstro intenção de direcionar seu itinerário. Ao sair de casa tem a pretensão de ir até a praça e caso isso não ocorra, fica paralisada, manifestando contrariedade.

Durante nosso passeio é importante que não haja pressa, pois geralmente ela fica um pouco cansada e faz suas pequenas pausas para retomar o fôlego. Hoje não nos demoramos, pois ela tem verdadeiro pavor de fogos de artifício e começou a correr de volta no instante em que foram detonados alguns numa casa das proximidades. Os festejos de final de ano já terminaram, mas infelizmente algumas pessoas querem continuar a perturbar o sossego da natureza e dos outros indivíduos com esses estrondos horríveis e desnecessários.

O inusitado desse tipo de passeio que fazemos é que constantemente temos um gato como acompanhante. Há alguns meses ele estava abandonado nessa mesma praça e num determinado dia viu-me passar; imediatamente começou a miar, seguindo-me.

Depois de resolvido a adotar-me, levei-o ao veterinário para os cuidados necessários. Na sequência foi esterilizado e atualmente faz parte da família. Diferente de todos os gatos que já tive esse adora caminhar e fazer amizade com cachorros. Tem alguns companheiros felinos ariscos que são moradores de rua e que aos poucos foi trazendo à frente de nosso portão para que fossem alimentados. Sem dúvida, uma tática extremamente inteligente!

Diante de tanta meiguice e do carinho que transborda dele, coloquei seu nome de Mei-Mei, e o apelido de Garoto. Sempre chama a atenção, pois atende quando é solicitado e não perde a direção durante as caminhadas que faço com a Preta ou o outro cachorro que também adotei da rua, o Willie.

Muita gente acredita que o gato é um animal apegado à casa que mora e não ao seu dono. Todas as pessoas que têm esses felinos têm conhecimento de que isso é mentira, pura história para denegrir a imagem deles. Sempre tive gatos que eram amorosos e o Mei-Mei é o exemplo atual disso.

Os animais de um modo geral são como anjos da guarda que estão frequentemente a nos proteger de todo o mal existente com seu amor incondicional. Acredito ainda que os gatos são como um imã, que tem a capacidade de sugar toda nossa energia negativa, transformando-a e por fim dissipando-a. Eles têm um sexto sentido e quando deparam-se com elementos ruins ficam com os pelos completamente eriçados.

Com o passar do tempo, boa alimentação e cuidados necessários Mei-Mei ficou muito mais bonito e popular por suas peripécias e alguns vizinhos cogitaram de querer adotá-lo. Felizmente para mim, ele já fez sua escolha: sabe exatamente com quem e onde quer ficar, numa missão especial de proteção que vai muito além da compreensão humana.


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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