Os finais de ano constantemente eram animados na minha casa e lembro que meu pai sempre fez questão de comemorar a chegada do Ano Novo. Numa determinada época passamos a nos reunir com toda a família de minha mãe, na casa de um de meus tios e então aglomerávamo-nos, por volta de cinquenta pessoas entre irmãos, primos, sobrinhos e parentes nas noites de final de ano. A casa era enorme e por onde quer que alguém andasse havia gente. Com exceção de meu pai, todos tinham ascendência italiana. Pelo próprio costume a fartura era muito grande e as comidas muito saborosas. A certa altura já estávamos dançando, cantando e virava uma imensa festa musical. Ao dia seguinte, como de hábito, todos retornavam para dar continuidade às comemorações. Era uma turma muito animada, que amava degustar pratos elaborados com requinte e um bom tempero. Impossível não engordar diante de tão maravilhosa obra da culinária desses dias especiais. Lembro com muito carinho esse tempo e sinto saudade, pois foi uma época muito agradável. Com o passar dos anos alguns casaram, outros mudaram de cidade e nunca mais tivemos oportunidade de nos reunir da mesma forma e com a presença de todos. Ainda sou fascinada por finais de ano e principalmente se estiverem embalados por uma bela lua cheia. A da próxima noite de 31 de dezembro será de quarto minguante e não por isso menos preciosa. Acredito que possibilitará momento favorável para um crescimento interno, com eventuais mudanças interiores para cada um de nós. Toda transição sempre é benéfica, além do que também é real, pois nada nesse mundo é estático, mesmo que por vezes seja imperceptível aos nossos olhos. A celebração do réveillon, que é um termo derivado do verbo francês réveiller e significa despertar, renovar ou revelar é festejado universalmente em diferentes datas, de acordo com as diversas culturas. Os chineses, por exemplo, festejam a passagem do ano em fins de janeiro ou princípio de fevereiro, os judeus em meados de setembro ou início de outubro. No Islamismo é comemorado em meados de maio. Assim, deixamo-nos envolver por esse clima fantasioso onde finda mais um ciclo de nossas vidas e tem início um novo período, com novos projetos e inúmeras ideias. Perpetuando os costumes desde o período em que eu era criança, ainda faço o cozimento da lentilha, naquele ponto especial, nem líquida nem seca, e sempre temperada com folha de louro, para bons augúrios, bem-estar e prosperidade. Foi um decreto do governador romano Júlio César, no ano de 46 a.C. que fixou o dia 01 de Janeiro como sendo o Dia do Ano Novo. Esse mês teve seu nome derivado do deus grego Jano, que simbolicamente representado com duas cabeças, significa o passado e o futuro. Para festejar essa passagem de ano de maneira absoluta, deixando esse tempo anterior e assumindo o vindouro com a cor do arco-íris e toda a felicidade provável, nada melhor do que assumi-lo dentro de nós mesmos, com muita força de renovação. Que este 2011 seja pleno de muitas realizações, harmonia, amor e muita saúde para todos nós!
Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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