Entrou de repente na sala e pegou o flagrante: um pequeno colibrizinho de reluzentes penas esverdeadas e longo bico, rondando sua árvore de Natal. Por um instante o viu pairando no ar, batendo velozmente suas delicadas asas. Depois, intimidado com a presença dela, fugiu pela janela e ganhou o céu... Ela ficou ali parada, ainda sob o efeito da visão do colibrizinho. Adorava os colibris. Sempre achou que lhe traziam sorte, esperança, essas coisas... Meio da tarde. Ela atravessa a sala e o que vê? De novo o colibrizinho da manhã namorando a árvore! Ué, e não é que esse danadinho gostou mesmo da arvorezinha? Será que é porque esse ano ela deu uma bela incrementada na sua antiga e simpática amiga? Pois é, colocou finíssimos fiozinhos dourados, delicadíssimas filigranas, descendo em cascata pelos galhinhos verdes. Ficou lindo, lindo! Vai ver o bichinho tinha gostado da novidade... Será? O beija-flor e a árvore de Natal. Pois é! O fato é que a avezinha passou a ser vista frequentemente por ali. Visitava a árvore todos os dias. E várias vezes ao dia! Tinha ficado fanzona mesmo! E vinha tanto que a dona passou a nem dar importância. Nem ligava mais para a presença do bichinho, que volta e meia vinha, em suas revoadinhas, cultuar a belíssima atração da sala... Era abrir a janela e lá vinha ele... Manhã de sábado, véspera de Natal. Faxina na sala. Um paninho bem delicado para tirar a poeirinha das bolas de Natal. Lustrar tudo para que no dia seguinte estivessem impecáveis. Ui! Que susto! De repente o beija-flor-visitante aparece para um de seus costumeiros passeios. Mas que estranho! Não fugiu ao vê-la. Ao contrário, passou a traçar voos rasantes em torno dela, numa aflitiva coreografia. Foi então que ela viu: um ninho! Um minúsculo e delicado ninho, protegidinho por uma grande bola dourada, bem lá no fundinho da árvore. E olha só! Dois lindos ovinhos! Emocionada, ela então pensou: era o Natal vivo, concreto, presente, já trazendo seus presságios de vida nova!
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