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COLUNISTA
Evely Reyes
22/11/2010 - 09h10
Preta
 
 
 
Evely Reyes 
  Preta.

Ao passar por mim, no dia 25 de setembro de 2010, um domingo, parecia uma cachorra bem simpática, com jeito de quem estava à procura de comida e com aparência de estar amamentando.

O quiosque em reforma, situado na Praia do Futuro, ao lado de onde eu estava, era sua moradia. Constatei a existência de dois filhotes e calculei que dentro de dois meses ela entraria no cio novamente, motivo pelo qual comecei a programar a data que iria levá-la ao veterinário a fim de ser esterilizada. Sua adoção seria assim mais fácil.

Ao voltar para casa, providenciei uma alimentação reforçada, algumas vitaminas para que ela pudesse estar mais saudável e apta para a cirurgia a ser agendada e retornei ao local no dia seguinte.

Feliz ao me ver e à presença daquela alimentação diferenciada que me acompanhava a cachorra tratou de abanar efusivamente seu fino rabo preto enquanto devorava seu manjar. Sempre muito doce e mansa!

Encontrava-se meio anêmica não só pela cria de oito filhotes como pelas condições de subsistência a que fica exposto todo cão vira-lata. Sobras de arroz ou feijão, restos de porções de petiscos jogados ao lixo, ossos de frangos, espinha de peixe, sapos desidratados, insetos secos e demais extravagâncias eram “seus pratos” do dia a dia.

Em conversa com o responsável pela obra, soube que a cachorra havia sido abandonada por um antigo vigia do quiosque e que continuava no local, cuidada pelo pedreiro e serventes, com data predeterminada de permanência até o final da reforma. Comentei minhas intenções e ele sensibilizado comprometeu-se a fornecer-lhe diariamente as vitaminas que eu havia levado.

Dei continuidade à aniquilação de sua anemia e uns quinze dias depois, voltei à Praia do Futuro com o propósito de ministrar-lhe vermífugos, mas não consegui meu intento, pois fiquei absolutamente chocada quando a vi com a perna traseira esquerda quebrada em dois lugares. Não contive as lágrimas, pois era muito triste ver o jeito como ela estava deitada, com a perna toda torta.

O que seria dessa cachorra preta, de aproximadamente sete anos, puramente vira lata?

Angustiada com a situação, na primeira oportunidade levei-a à Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, onde fui informada de que deveria ser submetida a uma intervenção cirúrgica para colocação de pinos nos ossos fraturados bem como outros detalhes técnicos, que oportunamente a deixariam em perfeito estado.

Em virtude da grande procura pelo atendimento desta Escola Superior, a operação só poderia ser realizada dentro de vinte dias. Diante da urgência, recorri ao veterinário Marcondes C. Gomes, que comovido com a história, após os exames necessários, realizou a cirurgia e acompanhou todo o pós-operatório pelos doze dias que se seguiram.

Agora ela já está aqui comigo, mas com a perna imobilizada até sua total recuperação, que necessitará de mais uns quarenta dias. Está menos inchada pois come regularmente sua ração de boa qualidade e sua aparência está bem melhor.

Em razão da complexidade da operação que durou aproximadamente três horas, a esterilização não foi feita. Ela entrou no cio, mas felizmente não está nas ruas, não havendo possibilidade de vir a “esperar filhotes”.

O carinho e o bom trato fazem uma enorme diferença na vida de qualquer criatura e a Preta teve oportunidade de vivenciar tudo isso. É uma verdade literal.

Tinha certeza que ela seria adotada. Só não sabia que o seria por mim!


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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