Encontro na porta de um salão de beleza. - Oi, Magda! Que surpresa te encontrar por aqui. Tudo bem? - Tudo bem sim, Flor! Estava dando uma arrumadinha no cabelo. Olha... O que achas? - Até ficou bonito! Esse salão é ótimo... Eles fazem cada mágica com a gente! - Imagino no teu caso! Há! Há! Há!... Brincadeirinha, amiga. Vieste arrumar o cabelo, também? - Não! Não! Só reparar as unhas que estraguei durante o casamento da minha filha... - Esmalte de segunda é fogo! Mas eu soube do casamento da Cíntia... - Pois é! Todo mundo soube mesmo. Também, uma festa grandiosa como aquela foram poucas por essas bandas... - É verdade! - Mais de quinhentos convidados, um Buffet da capital para servir o pessoal, a decoração feita por uma empresa do Paraná, duas bandas para animar a festa... Um luxo só! - Imagino! Ouvi o pessoal comentando sobre a festa... Vocês devem ter gasto uma grana, não? - Até que não! Saiu muito mais barato do que pensávamos e que a Cíntia merecia... - Tomara que dure o casamento, né? - E porque não duraria? - Geralmente, quando o casal faz uma festa de arromba dessas o casamento acaba não durando muito... - Vai durar, sim! - Sei lá se é “olho gordo” que colocam... Mas, enfim... Tomara que sejam felizes para sempre, né? - Com certeza! Mas trocando de assunto... E o Júlio, teu marido... Como está? - Não soube do Júlio? - Não! Não me diz que morreu? - Não! Não! Foi promovido ao cargo de gerente na empresa... Está em São Paulo fazendo um curso... - Quem diria o Júlio de gerente, né? Ele é o legítimo caso de “quem te viu, quem te vê”, né? - E o teu marido? - Está em casa... Tirou uns dias de folga... Está lá mexendo no Jet Ski novo que ele comprou... - Jet Ski? Que chique! Mas é uma coisa meio inútil, não? - Pois é... Mas homem quando encasqueta de comprar algo, sai da frente! - É verdade! E o Felipe? - Morando em Recife, ainda... - Esse não volta mais, né? - Acho que não! - Sinceramente, não sei como ele consegue viver lá... Muito diferente daqui... Ano passado, nós passamos férias por lá... - Ele gosta! Fazer o que... - É! O brabo é a saudade... - É verdade! E vocês não quiseram ter filhos, ainda? - Ainda, não! - Não vai virar uma “mãe-avó”, hein? - Não! Não! Logo, logo a gente encomenda um... - Eu achei que tu até estavas grávida... Tu deste uma engordadinha, não? - Impressão tua... - Bom, amiga! Preciso entrar no salão porque tenho hora marcada. Bom te ver. Vê se aparece uma hora lá em casa... - Tu também apareces na minha! - Tchau! - Tchau! E, as duas seguem caminhos distintos, mas com o mesmo pensamento: - Que mulher nojenta! Aparecida...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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