Luiz Moura

Meu coração tem sua metade ubatubana, porque apesar de ser nascida em São Paulo no ano de 1957, comecei a fazer parte da vida da cidade de Ubatuba no ano de 1987, como moradora.

Na bela estância balneária fixei meu domicílio, como funcionária transferida do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, onde estive lotada no Fórum João Mendes.

Ubatuba era um lugar muito tranquilo e assim que tive oportunidade adquiri uma bicicleta, pois além de ser uma alternativa de locomoção, era uma forma prática de exercício.

Se fosse estacionar à frente de algum estabelecimento e adentrasse para alguma atividade não havia necessidade de ser colocada nenhuma trava de segurança, pois os furtos ainda não eram praticados de forma descarada e nem frequentes à luz do dia.

Nessa época eu andava de buggy, totalmente aberto, de fibra, sem portas ou janelas. Era uma delícia nos dias de sol, mas levada pelo bom senso, providenciei uma capota para que não mais sofresse dissabores nos dias de muita chuva. De qualquer jeito, nada tirava a alegria de estar morando naquela terra, saída da loucura de viver em São Paulo que era respirar o trânsito nervoso em todas as horas.

O dia a dia era muito diverso e sair para trabalhar queria dizer estar diante de uma obra-prima de Deus; poder olhar aquele mar grandioso sob ângulos diferentes era um privilégio.

A cidade encravada na Mata Atlântica tinha os benefícios dos municípios litorâneos com suas belas praias e ao mesmo tempo os mistérios das florestas tropicais, com suas montanhas e cachoeiras.

Muito ligada a tudo que a natureza proporciona passei a residir num sítio, onde a água existia em abundância, brotando da terra em nascentes, ou cortando sua superfície em rios e córregos. Apaixonei-me por helicônias e fiz plantações de vários tipos assim como de palmeiras e outras plantas. Cachorros, gatos, tucanos, saíras, bem-te-vis, sanhaços, pica-paus, pacas, jaguatiricas e muitas luas encantadoras começaram a fazer parte da minha vida!

Desenvolvi meu lado ecológico e também voltei-me em defesa da causa animal como integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba, ficando cada vez mais envolvida com a cidade e interessada em todas as melhorias que políticas públicas de boa qualidade pudessem produzir naquele paraíso desordenado.

Em razão do meu trabalho e das minhas atividades voluntárias conheci muitas pessoas e fiz muitos amigos por todos os bairros e praias, além do que sempre fui fascinada pelo mar e nas ocasiões em que havia disponibilidade não perdia o prazer de desfrutar de um belo banho salgado nas mais longínquas praias.

O lado norte era o que eu mais frequentava, atraída por suas características mais selvagens e exóticas, e não importava por exemplo, quantas vezes eu fosse à Vila da Picinguaba, pois o deslumbre a cada ida era semelhante ao de um amor á primeira vista.

Considero minha chegada a Ubatuba como um marco divisório da minha realidade, pois foi a partir de então que vivi um período muito rico quanto à pluralidade, singular na sua essência e que possibilitou acontecimentos, atividades e emoções totalmente únicos.

Dia 28 de outubro é o aniversário dessa inspiradora cidade, assim como da Vera Gusmão, da Márcia Regina Nunes e do Tobias. Todos muito queridos!

Cada um conhecido em uma época diferente, mas todos na cidade de Ubatuba; cada qual com sua importância e o devido valor, mas todos dentro do meu coração.

Deus abençoe estes aniversariantes, proporcionando-lhes existências dignas e prósperas, bem como esta revista virtual, da qual tenho a honra de poder participar e que também completa mais um ano de vida neste mês de outubro.