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COLUNISTA
Evely Reyes
11/09/2010 - 10h00
Votar ou não votar: eis a questão!
 
 

Ao contrário de nós, os cães não falam, não têm habilidade para lidar com o vil metal e nem sabem votar. Por enquanto eles ainda são animais irracionais e ao que tudo indica, ainda continuarão a sê-lo por muito tempo.

Se pudessem vir a manifestar-se com palavras inteligíveis talvez dissessem não ter culpa por seu dono não recolher suas fezes do meio da calçada, enquanto fazem caminhada, afinal os cães sequer tem constituição física para a prática de tal ato. Eles não têm mãos, o que torna essa atividade um pouco dificultosa. O máximo que podem fazer é jogar sobre seus dejetos alguma terra ou qualquer outra substância similar que esteja nas proximidades, utilizando-se das patas traseiras. Há casos ainda em que os donos são mais irresponsáveis, soltando seu cão para fazer necessidades fisiológicas para fora da própria casa, que tanto pode ser pela calçada pública, como à porta de alguém, no jardim da casa do vizinho, ou ainda em pleno leito carroçável, correndo o risco de ser atropelado. O animal não tem responsabilidade sobre isso, mas as pessoas ficam indignadas é com ele, e não com seu dono inconsequente, porque é próprio do ser humano por a culpa em alguém. Que melhor saída a de por a culpa num ser que sequer pode fazer sua própria defesa: não fala.

Com relação às finanças, se os cães tivessem aptidão para elas certamente não a desenvolveriam, pois são pouco afeiçoados a coisas materiais e ficam satisfeitos com algumas bolinhas ou ossinhos, que na verdade tem a função de serem objeto/alvo para uma espontânea corrida ou para solucionar questões famélicas.

Se tivessem conhecimento para escolher um candidato a cargo político, estariam literalmente “num mato, sem cachorro” pois dificilmente encontrariam um que chegasse próximo da fidelidade de seus pares, os animais. Se os nossos amigos de quatro patas conseguissem ler os horrores que são noticiados nos jornais e revistas, não acreditariam que esses mesmos personagens, autores de práticas inescrupulosas, totalmente indignas e infiéis a seus eleitores ainda conseguem insistir em dar continuidade às tais patifarias.

Os cães por sua natureza são desprovidos de qualquer interesse. Desenvolvem seu amor incondicional por seu dono e não importa qual seja sua raça, cor, condição financeira, idade, peso ou nacionalidade. A ele são fiéis, mesmo depois de uma repreensão indevida, de uma falta de atenção ou de um carinho ausente.

Existem aqueles donos que atingem o máximo do egoísmo e adquirem um animal simplesmente porque está na moda. Outros também chegam a levar para casa um cão com o exclusivo intuito de que o mesmo faça a segurança de seu imóvel. Lembro de um caso ocorrido em Ubatuba, onde um pastor alemão foi jogado à rua, abandonado por seu dono, em razão de não ter evitado o furto ocorrido no imóvel em que residia. Simplesmente assim! Compraram outro cachorro que julgaram ser agressivo, pois o anterior não servia e portanto foi jogado fora, na rua, como lixo.

Quanto à oratória, essa arte da eloquência que os maus políticos fazem uso, proferindo inverdades ou usando de hipocrisia em proveito próprio, é uma prática que certamente não seria utilizada pelos caninos, que primam pela autenticidade.

A questão maior que está por trás dessas observações é que o ser humano, de humano mesmo muitas vezes tem pouco. O humano, como substantivo masculino, que designa o gênero humano é uma definição que difere do humano, enquanto adjetivo, que nos remete à ideia de bondade, de compassividade, de pessoa sensível ao mal alheio, de pessoa que tem compaixão.

Esta semana li uma reportagem numa revista de grande circulação no país, com o título ABAIXO A CRUELDADE HUMANA, onde são mostrados exemplos de como as pessoas ao redor do mundo tem demonstrado preocupação com o bem-estar animal. Sem dúvida alguma, houve um avanço em relação a tempos atrás, mas para que o patê de foie gras exista, os gansos nos dias de hoje são obrigados a ingerir à força, antes do abate, dois quilos de grãos diariamente, pois somente assim seu fígado vai ficar dez vezes maior do que seu tamanho normal.

Para que a carne dos vitelos conserve-se tenra, é essencial que não se exercitem e permaneçam com a cabeça presa em cercados milimetricamente construídos do seu tamanho.

Embora haja uma lei brasileira determinando que sejam sedados de forma menos cruel antes do final fatal, os bois na realidade levam marretadas na cabeça, pura e simplesmente durante o início do abate e não só percebem como assistem, entre si, o desenrolar do processo.

Os porcos têm um pouco mais de espaço, pois tem o benefício de poder deitar, embora não possam mudar de posição e as porcas gestantes são confinadas em cercados de 2 metros por 60 centímetros, para que não haja o risco de perderem as suas crias.

Os frangos, nas granjas, ficam em lugares minúsculos, onde não podem fazer qualquer movimento, como abrir asas ou ciscar o chão. Inertes. As galinhas poedeiras geralmente têm o bico cortado para não se machucarem umas às outras, pois permanecem em cubículos, espremidas nas gaiolas.

Tratar melhor os animais significa diminuir a produtividade. É impensável para muitos, pois tudo está vinculado ao desenvolvimento do país, ou seja, a situação deve continuar assim, pois não existe por parte da grande maioria das pessoas ou do poder público, a preocupação de como são criados os animais que vão para o abate ou de que maneira isso é efetivado.

No âmbito das pesquisas científicas, os defensores radicais dos direitos dos animais, em sua luta incessante conseguiram algumas vitórias, fazendo com que sejam testados alguns cosméticos em peles sintéticas, desenvolvidas em laboratório, substituindo assim a utilização dos bichos.

Além de tudo isso, existem as práticas relacionadas aos rituais religiosos, onde eles sofrem inúmeros tipos de crueldade pela continuidade da fé de quem as pratica, bem como o comércio de peles, absolutamente desenvolvido com requintes de malvadeza, onde eles têm suas peles arrancadas enquanto vivos. Na captura dos selvagens, são utilizadas armadilhas, em formas de mandíbulas, que se fecham no corpo ou em membros do animal. Existem casos em que o caçador deixa a vítima presa pelo menos por três dias, matando-a em seguida com tiro ou pancadas na cabeça. Na utilização dos laços, como armadilha, geralmente os animais ficam dependurados e sucumbem por estrangulamento.

Na China, milhões de cães e gatos, nas mais de 09 mil fazendas em que são criados de forma abominável são golpeados com o intuito de ficarem inconscientes e então são esfolados vivos e suas peles utilizadas para a fabricação de artigos vendidos na Europa e Estados Unidos. A título de esclarecimento, a proporção é de que para aproximadamente 5.300 quilos de pele de gato tenha havido a morte em torno de 55 mil animais. Os chineses, como se não bastasse tanto absurdo, ainda comem a carne de cachorro.

Raposas, chinchilas, castores, linces, porcos, cabras, ovelhas ou carneiros por exemplo, também pelo comércio de suas peles são executados de formas deploráveis que vão desde as pauladas até os choques elétricos, com passagem de corrente entre um eletrodo na orelha e outro na genitália.

Segundo alguns pensadores, intelectuais ou filósofos da humanidade, o ser humano só vai conseguir ser respeitado por seus pares quando conseguir respeitar toda e qualquer forma de vida sobre o planeta. Talvez seja a razão pela qual assistimos a tantas desumanidades em relação ao próprio ser humano. Dele para com ele mesmo.

Mas, Deus é Pai, como sempre dizem alguns amigos. Nem tudo está perdido!

A hora é de levantar a cabeça, respirar fundo e acreditar que tudo vai melhorar, pois não se deve perder a esperança em hipótese alguma.

Como leitora da revista O Guaruçá, fiquei muito contente com o artigo da Redação, publicado no último dia 08 de setembro, na seção Política, intitulado Quem são os políticos "Amigos dos animais". Esta atitude só enobrece o responsável por esta divulgação. A WSPA BRASIL - Sociedade Mundial de Proteção Animal lançou a campanha apolítica “Vote pelos animais” e os objetivos e detalhes são esclarecidos no mencionado texto que trata de assunto tão importante nos dias de hoje.

Acredito que essa questão deveria ser vista atentamente não só por quem gosta e respeita os animais, como também por quem não é simpatizante da causa, pois os animais abandonados nas ruas não estão ali por acaso e sim porque foram deixados por alguém. Fêmeas prenhas e ninhadas indesejadas ou demais animais jogados fora até pela idade avançada ou alguma doença que não se quer tratar acabam por trazer inúmeros dissabores às pessoas que gostam ou não dos bichos.

Com uma campanha de esterilização, de adoção ou de conscientização da população que não seja eficiente, mesmo a longo prazo, o resultado pode ocasionar problemas à saúde pública. O animal que não estiver devidamente vacinado transmite zoonoses, bem como prejudica o meio ambiente, pois até o lençol freático, por exemplo, ou o rio em que foi jogado pode ser contaminado com sua decomposição. A consequência de uma população atingida pode prejudicar o turismo existente nas pequenas cidades que não contemplam políticas públicas eficazes.

A hora é agora! Faça um voto consciente! Todos nós fazemos parte de uma cadeia que está toda interligada, onde cada componente tem seu papel e importância, onde a existência de cada espécie afeta muitas outras, qualquer que seja o lugar ocupado no planeta: como micro-organismo, planta, animal ou ser humano.


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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