Em uma loja de venda de ferramentas. - Tio! Tioooo! - O que foi? - Tu tens martelo em casa? - Até tenho, mas está com o cabo quebrado... Por quê? - Por nada, não! - Qual desses será, meu Deus? - Qual será o que, tio? - Qual será o modelo que eu preciso. Tem um monte para escolher. Não sei qual é o correto. Esqueci de perguntar o tamanho para a tua mãe. Ela não falou o tamanho do parafuso? - Não! - Mas deve estar por aqui perto das brocas... É quase tudo a mesma coisa... - Por que não pergunta para o atendente? - Daqui a pouco eu pergunto... Me deixa dar mais uma analisada... - Tá bom! Mas me diz uma coisa: tu tens chave de fenda? - Tenho, mas não sei cadê... - E chave de boca? - Algumas perdidas pela garagem... - Chave inglesa? - Não! - E chave morel? - Nem sei o que é! - Há! Há! Há! -O que está rindo? - Nem existe essa. Eu inventei... - Seu sacana! - E chave Philips? - Essa eu não tenho. - Nenhum tamanho? - Nenhum... Por que tanta pergunta, hein? - Nada não! É que aqui tem para comprar... Sabe como é... - Pois é... Mas não... Não... - Opa! Vem vindo o atendente, tio! - Em que posso ajudá-lo, senhor? - Eu queria um parafuso, tipo... Tipo... - Sim, senhor! Vamos lá estão. Acompanhe-me, por favor! Os parafusos são no outro lado. Essa seção só tem brocas... Já em casa, com a mãe e o parafuso comprado. - Como foi a saída com o teu tio, meu filho? - Fora o tio não saber diferenciar uma broca de um parafuso, foi boa... - Pára de besteira! Mas e aí, investigou? Descobriu o que eu te pedi? - Até descobri. Mas me diz que dia é o aniversário? - Semana que vem... Por quê? - Ah tá! Tem tempo de pensar em outro presente. - Por que está dizendo isso? - Ele não sabe diferenciar mesmo... A caixa de ferramentas não será um bom presente de aniversário, mãe! - Estás falando sério mesmo? - Pior que estou... Um breve silêncio. Então, como se “pensasse alto”, a mãe deixa escapar: - Valeu a investigação. Não vou arriscar. Vou compra de presente umas cuecas e alguns pares de meias mesmo...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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