Happy-hour em um bar. Três amigos conversam sobre o ciclo de assuntos masculinos: trabalho, futebol e mulher. Não necessariamente nesta ordem. - Mas voltando ao assunto... - Fala... - Qual mulher? Há! Há! Há! - Há! Há! Há! Isso mesmo. Vocês viram como é gostosa a nova atendente daquela financeira perto do trabalho. - Não! Não vi... - Eu vi! Nossa! Um rico de um bichinho... - Passei lá em frente outro dia e ela ficou me encarando, com um olhar de sem-vergonha... - Capaz? - Arãn. - Sempre... - Sempre o que, Mateus? Conheço esse teu sorrisinho irônico... - Cara! Já notaste que toda vez que tu falas de uma mulher, invariavelmente, ela já deu bola pra ti? - Não é assim! Nada a ver... - É, cara! Sempre, meu! - Nada a ver! - Pior que o Júlio tem razão Duda... - Parem de inventar bobagem! - Mas é sério, cara! Tu sempre conta que a mulher isso, que a mulher aquilo, mas nunca uma história em que te deste mal... - O Duda faz mais sucesso que os atores da Globo com a mulherada! - Há! Há! Há! - Há! Há! Há! - Há. Há. Há. Digo eu. Vou contar uma então... - Opa! Silêncio na mesa. - Conta... - Vocês conhecem a irmã da Mariana? - Qual Mariana? - Aquela loira, que namorou o Christian uma época, eu acho... - Que Christian? - Um que tem um Corsa preto... - Não sei quem é! - Também, não! - Enfim, a irmã da Mariana. Ela trabalha em uma loja de cosméticos perto da vidraçaria do Lucianinho... - E aí? - Desembucha! - Bom! Encontrei a gatinha, também, em um bar. Era uma quinta-feira, eu acho. Papo vai, papo vem, cervejinha aqui, cervejinha lá e então dei o bote... - Tomou um pé-na-bunda? - O conquistador do século foi rejeitado? - Posso continuar? - Tomou ou não tomou um pé-na-bunda? Isso que eu quero saber... - Calma! Posso terminar a história? - Pode. Segue... - Bom! Dei o bote e a gatinha se fez, não quis vir na minha... Conversei mais um pouquinho e fui embora, mas deixei o número do meu telefone para que caso ela mudasse de idéia entrar em contato... - Capaz que a história não ia ter um final feliz. Agora ele vai contar que a gatinha ligou arrependida, que eles saíram de novo, transaram loucamente dentro do carro e que ela não pára de ligar porque se apaixonou! - Há! Há! Há! Pior... - Posso terminar a história? - Pode! - Continua Duda... - No outro dia o meu telefone toca... - Não falei... - Posso continuar? - Continua. - No outro dia o meu telefone toca. Era a irmã dela, a Mariana, me perguntando se eu não tinha vergonha na cara por dar em cima da irmã dela, que ela sabia que eu dava em cima de todo mundo, coisa e tal. Me encheu o saco! Segundos de silêncio. - E aí? - E aí o quê? - Termina assim, Duda? - É... Por quê? - Que história mais sem graça... - Pela primeira vez tu te dá mal, mas sei lá... - Vocês não queriam que eu contasse uma história em que eu me desse mal? Está aí... - Eu sei, Duda! Mas sei lá... Não tem um final mais emocionante essa história, não? - Então, eu vou contar a verdade: mesmo com a irmã perturbando, a gatinha ligou arrependida, aí nós saímos, transamos loucamente dentro do carro e agora ela não pára de me ligar porque se apaixonou... Mais uma... - Há! Há! Há! Eu sabia! - Esse é o velho Duda! Garçom! Garçom! Traz mais uma cerveja para o nosso amigo conquistador e contador de história aqui, por favor!
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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