Cenário: em uma pequena festa. Comemoração pela promoção profissional de um amigo de Tiago, que é casado com Mônica. Poucos convidados. A celebração realiza-se na casa do promovido. Uma música instrumental “inunda” o ambiente. - Mônica! Mônica! Vem cá! - O quê, Tiago? - Vem cá! Vem mais perto. Não posso falar alto... - O quê? - Olha lá no canto da sala... - Onde? - Para a tua direita. - O que tem? - Eu acho que a tua amiga Magda e o marido... Victor, né? Estão discutindo... - Deixe-me ver... - Discretamente, Mônica! - Não enche! É mesmo! Acho que estão discutindo... - Por que não vai lá e tenta acalmar os ânimos? - Eu não! - Por que não? Essa discussão pode acabar em vexame... - É mesmo! Por incrível que pareça dessa vez tu tens razão. - Engraçadinha! Vai lá antes que a coisa esquente mais e comece a chamar a atenção de todos... - Está bem, Tiago! Está bem... Estou indo... Mônica dirige-se até o casal. - Licença! Estou atrapalhando alguma coisa? - Está sim, Mônica! - Victor! Isso é jeito de falar com a minha amiga? - Não enche, Magda! - Calma, gente! O que aconteceu para vocês estarem tão nervosos? - Tu acreditas Mônica, que esse insensível está debochando dizendo que o meu vestido é parecido com essa cortina da sala. Tu acreditas nisso? Está tirando sarro da minha cara falando que eu vim disfarçada de camaleão para a festa. Acreditas? Estou puta da cara! Louca para ir embora! - Calma, Magda! Calma... Não dá bola! Se for por isso, eu já tinha reparado, por exemplo, que a gravata do Victor parece com os desenhos do porta papel higiênico do banheiro! Há! Há! Há! Com essa barriguinha que ele está, acho até que se colocarmos os rolos embaixo da gravata é bem capaz de ficarem paradinhos, paradinhos! Há! Há! Há! Até imaginei agora, o Victor parado dentro do banheiro esperando para alcançar o papel... Tipo mordomo! Há! Há! Há... Silêncio. Segundo depois... - O que foi, gente? O que foi, Magda? O que eu falei demais? - Pô, Mônica! Fui eu quem comprou a gravata do Victor. Achei tão bonita! E tu avacalhas com ela desse jeito... - É que... - Achei que o meu amorzinho ficou tão bonito com ela... - A minha intenção não era... - Qual era a intenção eu não sei! Deixa que do meu marido cuido eu! Até porque o seu... - Não precisa terminar a frase! Calma! Sem ofensas! Estou indo... Tchau! Tchau... Mônica retorna até o marido. - Aí conciliadora! Acalmou os ânimos do casal! - Nem me fala, Tiago! Se arrependimento matasse... - O que foi? - Bem que a vovó já dizia em briga de marido e mulher não se mete a colher! - Mas por quê? - Bom! Deixa pra lá! Serve um uísque pra mim...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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