Na rua, próximo a uma casa lotérica. - Olha só, grande Clóvis! Vai fazer uma fezinha? - Sempre é bom tentar, né? - É sim! Mas como vai o amigo? - Tudo tranqüilo! E contigo, Duarte? - Tudo na santa paz, também! No fim, não pude ir à pescaria aquele dia... - Pois é... Perdeu... - Mas outro dia eu vou com certeza! Pegaram muita coisa? - Nada! - Como nada? Nenhum peixe? - Nenhum... Caíram todos na água de volta... - Como caíram na água? - Caindo... Foi na hora que o barco virou... - O barco virou? - Virou... - Como virou? - Virando... - Mas o que aconteceu para ele virar? - Foi na hora do foguete... - Que foguete? - Do Mariozinho... - Tinha que ser! Não perde essa mania. Aposto que foi largar um foguete e balançou o barco, né? - Não! - O que foi então? - Ele pegou o foguete invertido. - Estourou dentro do barco? - Arãn! - Nossa! E atiraram-se todos dentro da água? - Arãn! - Mas não se machucaram? - Eu não, mas o resto sim... - Como? - Enrolados nas redes... - Podiam ter morrido? - Mas morreu! - Quem morreu? - O Max! - Que Max? - A chinchila do Arthur... - O que a chinchila do Arthur fazia junto lá? - Iria servir de iscas para os jacarés... - Mas nem tem jacaré onde vocês foram pescar! - Pois é... - Dessa vez vocês se superaram na história... - Na hora que estávamos combinando, eu avisei... - Ficou muito cheia de detalhes... Muita absurda! - Absurda mesmo! - Bah! Bota absurda! - Mas tu conheces o Seu Rodrigo Ramazzini... - Se conheço a peça! Ele e aquela cabeça desvairada dele... - Pois é... Bateu pé que essa seria a versão da semana. Ninguém conseguiu fazer com que aquele doido mudasse de idéia. - Imagino! Nenhuma mulher desconfiou dessa estória? - A mulher do Aguinaldo... - Putz! E aí? - O Aguinaldo solucionou o problema comprando uma cozinha nova... - Menos mal! Não podemos mais deixar o Rodrigo inventar essas estórias sem pé nem cabeça, pois qualquer hora vai ser descoberta a verdadeira e nós vamos nos ferrar! - Pois é... - Mas quando vai ter pescaria de novo? - Até nem sei! - Pescaria não! Quer dizer... Há! Há! Há! - Fica quieto, estamos na rua... - Eu sei! Estou brincando. Imagina se eu vou falar...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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