Um homem e uma mulher se esbarram em uma rua da cidade. - Ai! Ai! - Desculpa, senhora! Se machucou? - Não olha por anda, não? - Calma! Foi sem querer... Toma a tua bolsa que caiu... - Que calma, nada! Olha o que fizestes? Olha a sujeira que ficou a minha bolsa... - Já disse, foi sem querer. Desculpa! - Que desculpa! Que desculpa! Não presta atenção por andas, retardado? Agora vem pedir desculpa... - Pô, calma aí! O esbarrão foi um acidente e a queda da bolsa uma conseqüência... - Isso é uma explicação para justificar e atestar que tu és um boca-aberta, isso? - Não precisa ofender. Já pedi desculpas... - Mais é verdade... É boca-aberta, mesmo! - Não quer aceitar, não aceita... Eu só quis ser educado... Aceita ou não o meu pedido de desculpas? - Aí meu Deus! - O que foi agora? - Eu não acredito! - O que foi? - Eu não acredito que fez isso... - Isso o quê? - Quebrou, seu retardado! - Quebrou o quê? - E agora, meu Deus? - Eu compro outro, sem problemas! - Não tem como comprar. Tu não tens noção das coisas... - Por que não? - Era presente do meu namorado... - Mais uma vez, desculpa! Puxa... Não era a intenção... - Tu és um retardado mesmo! - Pelo menos me diz o que quebrou dentro desta bolsa... - Isso aqui... Ahn! Ahn! Olha... - Calma! Não precisa chorar. O que é isso? - O meu... Ungh! Buow! - Não chora... - Essa era a parte da cabeça dele... - De uma elefantinho de porcelana que tem em qualquer loja, isso? - Ahn! Ahn! Isso... Ele era muito importante para mim... - Há! Há! Há! Essa cena toda foi por causa de um elefantinho de porcelana? - Ahn! Ungh! Buow! Não ri... - Mais é apenas um elefantinho... - É que ele tinha um valor sentimental... Tu nunca vais entender! - Sei... - Homens: todos insensíveis mesmo? - Eu, insensível? - Claro! Não compreende a importância do meu elefantinho... - E tu compreendeste as minhas desculpas? Sabe de uma coisa, tu és louca... Então, o homem sai e deixa a mulher falando sozinha, que grita: - Tudo bem! Eu te desculpo...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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