Ei... escuta... Faz tempo que quero lhe dizer... Mas sabe como é... Para falar de amor... falar de sentimento... é preciso coragem... Você pode achar tudo sem sentido... É assim mesmo... sentir não tem explicação... Sente-se... Não dá para segurar o coração! Você pode até ficar com raiva... fugir... Não adianta... Estou disposta a pagar o preço... Hoje tomei a minha decisão E preciso dizer-lhe... Não dá mais para adiar... Ei, calma... não se apresse... Senta primeiro, por favor... Agora desata o nó da gravata... Pode tirar o paletó Sim... arregace as mangas... Respire fundo... relaxe e finja que está à vontade! Não, por favor... Não faça essa cara de espanto... Assim fico sem graça... Você quer uma taça de vinho? Sim, você gosta de vinho. Aceita? Eu não quero beber... Preciso estar bem lúcida Para falar o que vou lhe falar... Ei, escuta... Talvez seja a última vez... Tenha um pouco de paciência... Chega mais pra cá... Não tenha medo... calma... Coloca a mão no meu coração... Está acelerado, não está? É a emoção... Pensei tanto nesse momento... Tanto adiei... Mas falar agora é preciso... Sinto que chegou a hora! Ei, escuta... só mais um pouco... Não... não é delírio da minha cabeça... Não faz esse ar de quem sabe tudo... de impaciência. É verdade... o destino jogou comigo... Até acho que ele me enganou um pouquinho... Mas... eu sinto algo especial por você... que vai além de amizade... Algo que me deixa inspirada demais... Gosto de conversar com você... Enfim... foi pura emoção à primeira vista! Pronto, falei! Como? Sabia que você ia ficar espantado! Parece loucura mesmo... Deixei que o destino me trouxesse você Serenamente... Ei... Já vai? Eu lhe faço uma declaração... Ainda não acabei de falar... ei, escuta só mais um pouco! Não... não é besteira! Não quero estragar nossa amizade tão cordial... Ei... escuta... Não vou cobrar sentimentos... não costumo fazer isso! Ele não quis mais ouvir! Ficou com raiva de ser amado... desconfiado... Talvez tenha achado tudo sem sentido demais! Coisa de mulher...! Pegou o paletó... e bateu a porta! Se foi... Totalmente confuso... Sem olhar para trás. Em cima da mesa, a taça de vinho não foi tocada! Nunca mais se viram... Nem se falaram... Ele passou a fugir dela. Celular sempre na caixa-postal. Evitou freqüentar os mesmos lugares que ela. E ela? Apesar do sumiço do homem amado... Respirou aliviada... Abriu seu coração! Não podia mais adiar! Pegou, então, a caneta, engoliu as lágrimas e começou a reescrever seu destino!!
Nota do Editor: Celamar Maione é radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador, mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.
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