Hoje, ao contar esta história, ele admite os erros. Mesmo apaixonado, um homem não pode cair na armadilha de levar uma mulher ao instituto de beleza e esperá-la. Neste dia foram três horas. Muitas surpresas podem acontecer no decorrer desde tempo. - Quando foi isso, João Paulo? - Há mais ou menos um ano... Eu estava até de férias do trabalho... - Mas fazia pouco tempo que namoravam? - Uns três meses... Bem no começo! Não quero te mentir, Arthur! Mas é por aí... - E aí? - Bom! Eu esperava a Patrícia dentro do carro já fazia uma hora. Não agüentava mais! Então, resolvi sair para tomar uma água em um barzinho que ficava bem próximo ao instituto de beleza... - O tal instituto fica perto daquele depósito? - Este mesmo! Daí, estava te contando... Fui até ao bar, sentei e pedi uma água. Tomava aquela água devagarzinho, apreciando a paisagem e fazendo uma análise sociológica do universo feminino, afinal, ninguém é de ferro... - Análise sociológica! Essa é boa... - É... Foi quando avistei no final da rua, uns longos cabelos que esvoaçavam meio ao ventinho que soprava naquele dia... - Pára! Pára! Não precisa mentir! Vai querer dizer que olhaste para os cabelos da mulher primeiro, antes da bunda? - Lógico! Ela vinha longe e em minha direção! Era quase impossível eu fazer isso... - Tá certo! Tá certo! Segue... - Fiquei olhando para aquela mulher. Meu amigo, quando ela se aproximou pude ver melhor: que mulher! Linda! Linda! Linda! Muito charmosa! Tinha os cabelos meio cor de chocolate, corpinho natural, sem malhação. A mulher era gostosa porque era gostosa! Vestia uma calça jeans, dessas que elas chamam de cintura baixa. E tu sabes que eu sou louco por mulher “acinturadinha”. Bah! Me deixou louco... Não gosto nem de lembrar... - A mulher passou e daí? - Ela passou e eu pensei “Deus! Dai-me apenas uma noite com uma dessas”! Pensei e acabei por impulso falando alto isso... Não é que mulher escutou e voltou... - Capaz! - Arãn! Voltou e perguntou “E por que não?” - E tu? - Arrepiei da cabeça aos pés e não resisti: convidei para tomar algo comigo... - E ela? - Prontamente puxou a cadeira! Pedi então uma cervejinha... - Já estou até imaginando o que aconteceu... - Pois é... Começamos a conversar... Papo vai papo vem, uma cervejinha aqui outra lá, rolou uma química, os assuntos se encaixaram, os “pezinhos” já se encontravam embaixo da mesa... - Desenrola! - Resolvemos ir para um motel! - E a Patrícia? - Com tesão e cerveja na cabeça nem pensei muito. Puxei o celular que estava no bolso da calça e mandei uma mensagem para ela dizendo que tinham me chamado com urgência no trabalho... - Foi então? - Foi então que... fui pagar a conta no caixa e quando voltei não encontrei mais o carro... nem a mulher. Ainda falta pagar oito prestações. Isso que dói! - A mulher é aquela que foi presa essa semana, certo? Fazia parte daquela quadrilha que roubava carros na região... - Isso mesmo! - Eu só não entendi como ela pegou a chave do teu carro... - O boca-aberta aqui, já meio bêbado, quando eu fui tirar o celular do bolso da calça, tirei junto a chave do carro, o cigarro, umas moedas... - E deixou tudo em cima da mesa e foi pagar a conta... - Exatamente! - E aí? - E aí me desesperei, aquela coisa toda! Nisso a Patrícia chegou, depois de três horas... - Ai! Ai! Ai! E o que tu falaste? - Inventei uma estória... - Isso eu sei! Mas foi aí que a cerveja te salvou? - É! Mais ou menos! Ontem, por insistência dela, ainda tive que ir a uma reunião dos Alcoólicos Anônimos...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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