Noite de chuva. Fazia frio. Desceu do táxi, ajeitou o casacão preto de linho, subiu as meias finas, correu até a portaria, colocou as luvas, abriu a porta e subiu três andares de escada, em silêncio. Tirou com cuidado a faca que trazia na bolsa. Cortante. Afiada. Olhou-a com prazer demoníaco. Mordeu os lábios e se livrou da peruca que a incomodava. Soltou os longos cabelos pretos. Parou em frente ao apartamento 303. Olhou para um lado. Depois, para o outro. Respirou fundo. Tocou a campainha. O homem abriu a porta só de cueca. Fez cara de espanto. Ela o empurrou para o interior da sala. Colocou-lhe a faca no pescoço. Sorriu cheia de malícia. O peito arfando. Gozava pelo prazer que ainda não tivera. Em seguida, mandou-o se ajoelhar. Obedeceu acuado. Ela tirou o casacão lentamente. Nada por baixo. Jogou as luvas em cima do sofá. Colocou as meias em volta do pescoço dele. A faca brilhava imóvel no chão ao lado das sandálias prateadas. Fizeram amor até o dia amanhecer. Meio-dia o homem acordou e sonolento pediu: - Da próxima vez, quero uma lutadora de boxe!
Nota do Editor: Celamar Maione é radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador, mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.
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