Na sala de casa, sentado em uma poltrona, o pai lê o jornal. Enquanto, o filho caçula faz um trabalho da escola deitado no chão. - Pai! - Hã! - Paaaai! - O que é, João Vitor? - Preciso de ajuda neste trabalho da escola... Estou em dúvida... - Pede para a tua mãe te ajudar que eu estou lendo o jornal agora! - Ela não pode... - Já perguntaste? - Não! Mas é que é fácil... Interrompendo a criança, o pai, então, grita para a esposa que está na cozinha, fazendo a janta: - Marilane! Ajuda o guri aqui no trabalho da escola... A esposa (na TPM) da cozinha, responde: - Tu não estás vendo que eu estou fazendo a janta, imprestável? Por que tu não podes ajudar? Está aí sem fazer nada! Tudo tem que ser eu... Que inferno! Pai e filho apenas se olham, e após um breve silêncio, começam a resolver o trabalho da escola. - Qual o problema, meu filho? - Eu estou em dúvida, pai! - Fala... - A professora explicou, mas eu não lembro agora... - Mas o que é? - O que é sexo mesmo, pai? - É... Hã... Hã... É... Melhor perguntar para a tua mãe! - Ela já disse que não pode, agora! - É... Hã... É... Como posso explicar... Tem certeza que é sobre sexo que tu queres saber? - É sim! O pai, enquanto vai largando o jornal, pensa: “São outros tempos, mesmo! Já se fala em sexo na escola com essa idade... Eu sabia que esse dia iria chegar... mas não imaginava tão cedo!” - Senta aqui pertinho, meu filho, que o pai explica... Lembra da estória da cegonha? Pois é, não é bem assim... Depois de esmiuçar o tema com o menino durante meia-hora, o filho, que ouvira tudo sem dizer qualquer palavra, ao final, ainda em dúvida, coçando a cabeça, questiona: - Mas pai... Eu não entendi uma coisa ainda... O que eu devo marcar no meu trabalho da escola: masculino ou feminino?
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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