Turma do trabalho reunida em uma mesa de bar, após o futebol das quartas-feiras. Na TV, é transmitido um jogo do campeonato brasileiro. Após um gol nesta partida e muitos copos de cerveja, inicia-se uma entusiasmada e concentrada “discussão futebolística”. - Não há nada mais deprimente do que o rosto de um goleiro buscando a bola no fundo das redes depois do gol, né? - Concordo contigo, Carlos! - Eu também! - Pior! - É uma situação mesmo... - Eu não concordo! Acho mais deprimente o rosto de um jogador depois que perde um pênalti. - Essa é forte também! - É sim! - Mas eu ainda fico com o goleiro! - E tu Roger, que és goleiro. O que achas? - Não sei... Não sei o que é buscar a bola no fundo das redes! - Ha! Ha! Ha! Sai pra lá! - Pronto! Era só que me faltava... Ha! Ha! Ha! - Craque! Ha! Ha! Ha! - Dizem que o Roger está há 736 minutos sem levar um gol! Ha! Ha! Ha! - Só se essa matemática contabiliza as horas de folga também! Só hoje, foram mais de dez! Ha! Ha! Ha! - Eu contei oito gols! Ha! Ha! Ha! - Mas voltando ao assunto... Deprimente também é o rosto de um técnico que está à beira de ser demitido por causa dos resultados e o time leva o quarto gol! - Bah! - Boa... - Bem lembrado! - Deprimente por deprimente... O rosto de torcedores, em um jogo de final de campeonato no estádio do time, e o adversário faz aquele terceiro gol é insuperável! - Tem essa também! - Forte! - Isso tu conheces bem, né Freitas? - Só eu? Só eu? Ha! Ha! Ha! - Vamos fazer uma votação. Qual o rosto mais deprimente do futebol: o goleiro depois do gol, o do jogador depois do pênalti perdido, do técnico ou dos torcedores. Carlos? - Eu ainda fico com o goleiro! - Roger? - Torcedor! - Freitas? - Torcedor! - Rubens? - Jogador! - Álvaro? - Técnico? - Cabeça? - Goleiro! - Alguém está somando os votos aí? - Eu! Segue... - Melão? - Goleiro! - Pra desempatar, hein! E tu Sílvio? Eis que antes do Sílvio responder o questionamento, adentra no bar, uma morena com cabelos compridos até as salientes e redondas nádegas. Nádegas essas que eram semi-cobertas por uma jaqueta de couro preta e envolvidas por uma justa calça marrom, que “emoldurava”, ainda, as torneadas pernas. As botas pretas e o discreto piercing no umbigo excitavam as mentes mais pervertidas. Silêncio na mesa. A morena entra no bar, pára por um breve instante, mira a mesa com os seus grandes olhos, e sabendo que seria “devorada” por olhares sedentos, ergue a cabeça, joga os cabelos para o lado e “desfila” até o balcão de atendimento para deleite de todos. Silêncio na mesa. O cheiro do seu perfume inunda o ambiente. Sob olhares vigilantes, ela compra algo e no retorno, o Roger, pedindo a atenção de todos, solta o verbo para a morena: - Ê lá em casa! Caiu do céu, princesa? A morena passa por Roger, balança levemente a cabeça e abre um sorrisinho. Então, ele comenta: - Viram? Ganhei a gostosa! Estou com a bola cheia... Silêncio na mesa. E antes que alguém tecesse algum comentário, a morena escutando a exclamação de Roger, volta e fala: - Só sorri porque te achei com a maior cara de palhaço! Silêncio na mesa, quebrado apenas pela conclusão do Carlos: - O rosto mais deprimente é daquele jogador, a estrela do time, que entra em campo de “salto-alto”, já achando que a partida está ganha, e quando tem a oportunidade de “matar o jogo”, em um lance frente a frente com a goleira, ele é traído pela sua confiança e pisa em cima da bola... Todos olham para Roger e as gargalhadas tomam a mesa.
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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