- Quem é Paulão? - O motorista do ônibus da empresa. - E o Fernandão? - Colega da empresa. - E o Xandão? - Parceria do futebol lá da empresa também! - E como é o nome completo dele? - É... É... Alexandre... Alexandre... Silva, eu acho! - Achei que era outro... Não conheço essa “criança”... - Uma criança de um metro e noventa! - Todos os nomes dos teus colegas de trabalho terminam com “ão”? - Eu tenho um metro e sessenta, esqueceste? Perto de mim todos ficam grandes... - Sei... - Larga este celular... Neste só tem contatos profissionais. Vem pra cá amor, vem! - Estou terminando de olhar a agenda. Faltam todas as ligações e as mensagens ainda. Vou demorar! - Pelo amor de Deus! Não tem nada aí... - Será? - Claro que não! Que ciúme bobo! E outra: se eu te traísse, com certeza não deixaria qualquer espécie de “furo” no celular! Ainda mais no celular da empresa... - Não sabia que dominava estas técnicas, Marcos Paulo? - Que técnicas? - Não te faz de sonso! - O que estás falando? - Achei! Quem é Suelen, hein? Quatro ligações em seqüência recebidas desta rapariga. Desembucha! Quem é? - Não entendi o que disseste... - Não te faz de desentendido. Quem é essa vagabunda? - “Su” o quê? - Suelen! S-u-e-l-e-n. Entendeu agora? - Ah! A “Su”, tu queres dizes? O nome dela é com dois “Éles”... - Que intimidade, hein! Bonito isso... - É a nova revendedora da rede. Coisa mais querida que ela é... Precisa conhecer! - Não acredito que eu estou ouvindo isso... E o cachorro não fica nem vermelho! - Por que está dizendo isso? - Tu achas que eu sou boba, Marcos Paulo? - Não estou entendendo... - Tu és muito cínico, Marcos Paulo! Cachorro! Sem vergonha! Me traindo na cara-de-pau! - Te traindo? Está louca? - Não acredito! Como eu fui boba e nunca pensei que tu poderias ter um caso com uma colega de trabalho... Como eu fui boba, meu Deus! Meu Deus... Acabou! Ouviu? Está tudo acabado! Vou embora... - Pâmela! Pára, Pâmela! Estás louca? Que caso o quê... É só uma colega de trabalho. Só isso. Nada a ver! Não viaja! - Por que essas ligações então? Explica? Se é que tem explicação... - Tem sim! O meu chefe me atribui a função de orientá-la neste começo de trabalho dela na empresa. Daí ela me ligou para pedir alguns esclarecimentos. Só isso! - E por que tu? Logo tu, criatura? - É que... Eu não iria contar agora, mas... - Fala logo Marcos Paulo! Porque eu não agüento mais olhar para essa tua cara... - Eu fui promovido! Pronto! Falei! - Promovido? - Arãn! Pra supervisor de vendas... Objetivo cumprido! - Isso quer dizer que... - Isso mesmo! Pode marcar o noivado... Como prometido! - Eu não acredito! Quando foi isso? - Faz... Faz... Uns vinte dias! - Aí, meu amor! - Eu iria comprar as alianças e te fazer uma surpresa, mas... Pâmela corre e pula no pescoço de Marcos Paulo, enchendo-o de beijos. - Eu te amo! - Smack! Mmm! - Eu te amo, meu amor! - Smack! Mmm! - Me abraça! Estou tão feliz! Enquanto é “agarrado” pela namorada, Marcos Paulo reflete: “Ufa! Dos males, o menor... Não iria escapar disto mesmo... Pelo menos ela não apagou os números dos telefones da Paula, da Fernanda, da Xanda...”
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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