- Mãe, mãe! - Sossega, menino! - Mãe, olha, olha! - Olhar o quê, menino?! Vê se sossega! - Olha, é o pai! - Seu pai o quê, menino! Seu pai está trabalhando! - Não é o Libório. É meu pai de verdade! - Você está com febre, menino?! Seu pai morreu há dez anos! - Olha ali! E Clotilde olhou. Quase caiu de costas. De repente, tudo se pôs a girar à sua frente e teve que reunir todas as forças para não desmaiar. Ajustou o binóculo para enxergar melhor. Não havia dúvida. Via, nitidamente, na pista do Sambódromo da Marquês de Sapucaí, o grande amor da sua vida, que julgava morto há uma década. Esfregou os olhos – afinal, o dia já vinha raiando e passara a noite inteirinha acompanhando os desfiles das escolas de samba do grupo especial – e tornou a olhar. Era ele! Não podia haver engano. A mesma ginga malandra, o mesmo estilo de se vestir, o mesmo penteado, a mesma aparência, posto que um tanto envelhecida. Ademais, desfilava na mesmíssima Mangueira, tão cara ao coração de ambos. Era coincidência demais! Se não fosse o Robson, era algum irmão gêmeo, do qual ele nunca falara. “Mas como é possível?”, pensou, cada vez mais atarantada. “Identifiquei seu cadáver, crivado de balas, no IML!. Se não for o Robson, quem, ou o que é?”, perguntou, atônita, para si mesma, até aceitando a improvável hipótese de se tratar de um fantasma. Não, não estava delirando. Ricardinho também o viu. Tanto que foi o menino que lhe chamou a atenção. Buscou observar melhor. O tal homem que via, fosse quem fosse (ou o que fosse, na hipótese de se tratar, de fato, de um espectro que se materializasse em plena Marquês de Sapucaí), parecia ter percebido que estava sendo observado. Tanto que virou o rosto para o lado contrário da arquibancada da direita de quem segue rumo à Praça da Apoteose, como que buscando se esconder de olhares indiscretos, apesar da multidão. E não se voltou mais nenhuma vez para onde Clotilde estava sentada, apressando o passo em direção à dispersão, acossado pelos responsáveis pela harmonia do desfile, que faziam de tudo para que a escola não estourasse o tempo e não viesse a perder preciosos pontos dos jurados. * Clotilde era uma morena vistosa quando chegou ao Rio de Janeiro, proveniente de Guaxupé, no Sul de Minas, em busca de oportunidades e emoções. Contava, então, com 18 anos, recém-completados, e muitos sonhos na cabeça. Gostava de cantar e tinha bela voz, além de noção de ritmo e harmonia, e muita afinação. Queria ser cantora, gravar discos e voltar para a sua terra famosa e realizada. Não tardou para arranjar emprego de doméstica, no apartamento de uma senhora de classe média alta no Leblon, casada com um médico famoso na cidade, “enquanto não conseguia contatos para assinar o primeiro contrato com alguma gravadora”. Como fosse bastante asseada, tivesse boa aparência (a bem da verdade, tinha uma beleza estonteante, dessas de chamar a atenção geral onde quer que andasse) relativa cultura (havia cursado até a segunda série do ginásio em sua cidade) e, de quebra, soubesse cozinhar como poucas, caiu logo no agrado da patroa, o que nem sempre acontece com pessoas vindas de fora, notadamente do interior, que penam bastante até conseguir se fixar em algum emprego. Muitas dessas moças ingênuas e despreparadas terminam, mesmo, é na zona do Mangue, na profissão mais antiga que se conhece: a prostituição. Este, porém, não foi o destino de Clotilde. Com seis meses de Rio, já acostumada ao trânsito da cidade e sabendo se locomover por onde quisesse, sem precisar da ajuda de ninguém, decidiu, numa noite de sábado, assistir a um ensaio da Mangueira. Desde menininha, via, todos os anos, pela televisão, os desfiles das escolas de samba, antes mesmo da construção do Sambódromo, e apaixonara-se pela verde e rosa. Fascinava-a essa combinação de cores, não muito usual. Pesquisou tudo o que podia sobre a Mangueira e era capaz de conhecer mais sobre ela do que muitos mangueirenses de nascimento. Sabia dos vários campeonatos conquistados, dos personagens mais populares da escola e chegara a decorar, até, alguns dos sambas-enredos mais vitoriosos. Não teve dificuldades em encontrar a quadra em que se realizavam os ensaios. Voltou no sábado seguinte, e no outro, e no outro e aos poucos foi se enturmando. Sua beleza estonteante virou a cabeça da rapaziada, que buscava conquistá-la a todo o custo. E ela resistindo. Não que quisesse se fazer de difícil, mas não encontrara ninguém que lhe agradasse ao ponto de querer namorar. Até que um dia... Foi num sábado, já bastante próximo do Carnaval. Um passista se destacava dos demais pela ginga, pela elegância e pelas acrobacias que fazia, com um pandeiro na mão. Clotilde observou-o demoradamente, a princípio de forma disfarçada e, depois, ostensivamente. Observar era pouco. “Comia-o” com os olhos. Tratava-se de Robson, mais conhecido como “Enguia”, por sua rapidez e pelos dribles desconcertantes que dava nas peladas de que participava. Diziam, no morro, que até já havia recebido convite do Flamengo para fazer um teste. Se não fosse verdade, bem que poderia ser. Robson era um cracaço de bola, dessas jóias raras que surgem nos lugares mais inesperados desse país do futebol. O que Clotilde não sabia, e só ficou sabendo muito tarde, é que esse apelido de “Enguia”, para a polícia, tinha outra conotação. O malandro, bom de bola, era, há tempos, procurado por suspeita de fazer parte de uma quadrilha de traficantes das redondezas. Já escapara de vários cercos policiais, sob chuvas de balas, sem precisar disparar um único tiro. Sua defesa era, apenas, a extrema agilidade que tinha. A molecada do morro tinha-o como herói. Robson não era violento, nunca fora visto com uma arma nas mãos e jurava, aos amigos, e aos pais (que eram evangélicos) que não era marginal. Contudo, era incapaz de explicar de onde provinha o dinheiro que lhe garantia roupas de grife, o carro usado, mas muito bem conservado que tinha e outros tantos luxos que um salário era incapaz de sustentar. Ademais, sempre que alguém lhe perguntava onde e no quê trabalhava e o desafiava a mostrar a respectiva carteira profissional, desconversava, mudava de assunto e jamais respondia. Robson e Clotilde encontraram-se naquela noite. Formavam um casal de encher os olhos, pela beleza de ambos. Conversaram até o amanhecer e até se esqueceram do ensaio. Na despedida, trocaram beijos calorosos e promessas de novos encontros. Nos sábados subseqüentes, não desgrudaram um do outro. Ambos estavam mutuamente fascinados e se entendiam por um simples olhar. Daí para a paixão foi um pulo. Em resumo, Robson e Clotilde começaram a namorar. E do simples namoro para a decisão de morarem juntos, foi só um já esperado e lógico passo, que ambos deram, sem pestanejar. * Num determinado domingo, logo cedo, Clotilde arrumou suas trouxas, despediu-se de Dona Teresa, que tentou demover (em vão) a moça, por quem se afeiçoara como por uma filha, a não dar esse passo e se mudou, de mala e cuia. Foi para uma casa até razoável, na subida do morro da Mangueira, que Robson garantira pertencer à sua família que (afirmara), a cedera temporariamente, sem cobrar aluguel. Ela acreditou. Não viu motivos para a menor dúvida. Não tardou para que viessem os filhos. Primeiro, nasceu o Junior. Dois anos depois, veio o Ricardinho. Outros dois anos, nasceu Maria das Graças. A despeito dos três partos, Clotilde não perdeu o viço. Pelo contrário, parece que a maternidade acelerou seu amadurecimento físico. Tornara-se uma mulher ainda mais apetitosa e bela, com roupas de grife, freqüência semanal ao cabeleireiro, unhas tratadas e todos os requintes que embelezam ainda mais qualquer mulher bonita. Robson tratava-a como rainha. Satisfazia seus menores desejos e mais loucos caprichos, sem discutir ou nem mesmo reclamar. Tinha prazer em servi-la. Chegara, até, em falar em casamento, mas nunca fez nada de prático para que este se concretizasse. Jamais falou sobre o seu trabalho e Clotilde nunca perguntou. Os dois desfilavam, todos os anos, na verde e rosa, e as fantasias da mulher eram cada vez mais luxuosas (e caras). A Mangueira (convém apresentá-la para quem não mora no Rio) é um bairro-favela, localizada na Zona Norte da cidade, sub-região de São Cristóvão. Situa-se, na verdade, não num único morro, mas em vários. Tem, de uns anos para cá, como uma das grandes atrações (certamente a maior) o chamado Palácio do Samba, onde a escola promove shows, para arrecadar recursos e realiza seus ensaios. No ano 2000, o bairro-favela contava com 3.738 domicílios, com população de 13.594 pessoas, equivalente à de muitas pequenas cidades país afora. A comunidade é unida e muitos não saem de lá não por necessidade, mas por opção. Gostam de morar no local onde boa parte nasceu e cresceu, formando vínculos familiares e de amizades. A vida transcorria mansa e suave para o casal, até que um dia, tudo mudou dramaticamente. Em determinada tarde de julho, quando Clotilde voltava do supermercado, no carro de Robson (há dois anos, tirara a carta de motorista), viu uma viatura de polícia estacionada junto ao portão da casa. Pensou, logo, em assalto. Não era nada disso. O policial que a abordou lhe disse, sem nenhum rodeio, que seu amásio se envolvera num tiroteio com a PM e fora morto. Disse-lhe que tinha que ir ao IML para fazer o reconhecimento do corpo. Clotilde sentiu o mundo desabar sobre sua cabeça. Todos os seus sonhos e planos tiveram fim num simples piscar de olhos, como fumaça que se perde no ar. O que seria da sua vida, sem aquele companheiro gentil e doce, o homem da sua vida? No IML, conduziram-na até uma gaveta, parecida com essas de arquivo de aço de escritório, só que muito maior, em que havia um corpo desnudo. Estava com o rosto completamente desfigurado, o que era prova de que não havia sido morto em tiroteio coisa nenhuma, mas torturado e barbaramente assassinado. Clotilde olhou de soslaio e pareceu reconhecer os cabelos de Robson, nada mais. O companheiro não tinha nenhuma tatuagem e nem qualquer sinal particular que o caracterizasse. O cadáver à sua frente também não. A mulher findou por dá-lo como sendo do amásio. Isso havia acontecido há dez anos, em 1992. * Clotilde permaneceu na casa em que viveu seu sonho de amor com Robson, já que ninguém lhe pediu para sair e, ademais, não tinha para onde ir. Contava com economias suficientes para se manter, e aos filhos, com algum aperto, por pelo menos dez meses. Depois... Bem, depois pensava voltar a trabalhar como doméstica. O destino, contudo, não quis que isso acontecesse. Clotilde conheceu Libório por acaso. Ao passar, determinado manhã, nas proximidades de um ponto de ônibus, viu um senhor, aparentando 28 anos de idade, aflito pela demora do coletivo. Provavelmente, estava perdendo hora para o trabalho. Num impulso, parou o carro e ofereceu-lhe carona. O homem aceitou. No trajeto até o cais do porto, onde essa pessoa trabalhava como estivador, ficou sabendo que o sujeito era solteiro, evangélico e que morava não muito longe dela, mas já na própria favela-bairro. Nos dias subseqüentes, voltou a repetir o gesto de cortesia. À medida que se conheciam, ambos foram se tornando mais e mais amigos. Na verdade, Clotilde nunca se apaixonou por Libório. Este era totalmente diferente de Robson, quer nos modos, na aparência e na maneira de trajar, quer na gentileza. Era brusco, meio que caladão e não parecia ter lá muitas ambições. Ademais, não fazia, nem forçando muito a barra, o tipo de galã. Ao contrário de Clotilde, porém, Libório apaixonou-se pela mulher. Em determinado dia, propôs-lhe morarem juntos. Num impulso, sem pensar muito, ela topou. Afinal, seus filhos pequenos precisavam da figura de um pai por perto. E o homem, mesmo não sendo o protótipo de artista, era forte como um touro, saudável e a satisfazia plenamente na cama. Tanto que, na seqüência do relacionamento, vieram mais três filhos, que se juntaram aos outros três, de Robson. O casal continuou morando na mesma casa que fora do famoso Enguia. Ninguém nunca pediu que ambos saíssem dali e os dois não viam motivos para sair. Libório tratava bem as crianças, não fazia distinção entre nenhuma das seis e era tido e havido como pai exemplar. Só não tratava Clotilde como sua rainha. Criticava, por exemplo, seu sonho de ser cantora, proibiu que ela continuasse desfilando na Mangueira e até tentou convencê-la a freqüentar sua igreja. Ela recusou. Ainda assim, prometeu casar com ela, de papel passado e tudo, “para regularizar a situação das crianças”, dizia, a título de desculpa. Na verdade, porém, era apaixonadíssimo por Clotilde. Só não sabia manifestar essa paixão. Ademais, nunca proibiu a mulher de assistir os desfiles na Marquês de Sapucaí. E esta, claro, não perdeu um só deles. * A Mangueira fazia um desfile impecável, como há muito não se via. Exibia, no Sambódromo, todo o luxo e grandiosidade, que os turistas tanto apreciam, sem abrir mão, todavia, da tradição. Carros alegóricos, fantasias, alegorias, harmonia... tudo se casava, numa integração que surpreendia os próprios mangueirenses. O engraçado é que muita gente da escola não botava fé no enredo de Max Lopes, “Brasil com Z é pra Cabra da Peste. Brasil com s é Nação do Nordeste”. Muitos defendiam que a escola trouxesse para esse Carnaval um tema mais local, mais carioca, que empolgasse não só os sambistas, mas a heterogênea platéia. Quem pensava assim, porém, se enganou. Cada ala disputava com outra quem desfilava melhor. O samba-enredo, de autoria de Lequinho e Amendoim, cresceu muito no vozeirão do onipresente Jamelão, verdadeira lenda na história dos desfiles. Até os mais pessimistas dos pessimistas já acreditavam em mais um título da tradicional verde e rosa. Parece que todos os cerca de cinco mil integrantes da escola acordaram, sem exceção, inspiradíssimos naquele dia. A previsão dos mais otimistas era que a Mangueira conquistaria não somente esse Carnaval de 2002, mas a maioria dos “Estandartes de Ouro” de “O Globo”, tamanho era o entusiasmo que sua performance despertava. A bateria, com seu ritmo peculiar, punha mais gás ainda nos sambistas, como se isso fosse ainda necessário. Quando a primeira ala chegou à área de dispersão, já se podia ouvir, nas arquibancadas, os primeiros gritos de “já ganhou!”. “Mangueira encanta e canta a história que o povo faz, ô, ô, ô, ô, vem mostrar a nação do valente sertão de guerras e de sonhos imortais” Não somente os integrantes da escola, mas toda a arquibancada cantava, com entusiasmo, a plenos pulmões, o samba-enredo. E a voz firme e característica de Jamelão impedia que a Mangueira atravessasse o samba na avenida. Todas as alas e as arquibancadas cantavam exatamente a mesma coisa e no mesmo momento. Os comentaristas da Rede Globo, até então sisudos e ponderados, esmeravam-se em comentários elogiosos ao desempenho, ora dos casais de mestre-sala e porta-bandeira, ora da Ala das Baianas, que arrasava com suas fantasias em verde-rosa, ora de um ou outro carro-alegórico mais original, com destaque, óbvio, aos astros globais que participavam do desfile. O coro de “já ganhou!”, a princípio tímido, se transformou em ovação geral, que tomava todos os setores do Sambódromo, de forma uníssona e ensurdecedora. Ai dos jurados se fizessem besteira na hora de atribuir as notas. Certamente, cairiam em ridículo. Não havia como o resultado ser outro senão a vitória consagradora da Mangueira. Claro que a apuração da quarta-feira poderia trazer surpresas. Sempre trazia. Mas na preferência popular – e a voz do povo é a voz de Deus – a verde-rosa já era a campeã. * Clotilde demorou um certo tempo para se recuperar, tão logo reconheceu Robson, sambando na avenida, como se não houvesse um amanhã. Beliscou-se, para verificar se não estava sonhando. Não, não estava. A primeira pergunta que lhe veio à mente foi: “como pode?!”. Tinha certeza que Enguia estava morto. Havia reconhecido o seu corpo. É verdade que o rosto estava desfigurado pelos vários disparos de arma. Mas o corpo, os cabelos, o porte... tudo era dele. A seguir, aceitou, em seu espírito, a hipótese de que, de alguma forma ou de outra, Robson não havia morrido. “Onde ele ficou esse tempo todo? Por que não me procurou? Sofrera amnésia? Arranjara outra mulher?”. Perguntas, perguntas e mais perguntas e nenhuma resposta. Concluiu que a única maneira de verificar se a tal figura era, mesmo, o amor da sua vida, ou um sósia, era ficando cara a cara com ela. Mas como, no meio daquela multidão? O momento de vacilo foi muito breve. Pediu a Ricardinho que guardasse seu lugar e a esperasse ali, e que não saísse por nada desse mundo, e resolveu se dirigir para a área da dispersão. A dificuldade para encontrar a saída foi imensa. Uns vinte minutos depois, estava no local desejado, torcendo para que o acaso lhe possibilitasse o encontro que poderia decidir sua vida. “E se for ele? Como fica a minha situação? E o Libório? Já estava, até, providenciando os papéis do casamento”, pensava Clotilde, enquanto procurava, aflita e freneticamente, alguém que pelo menos se parecesse com Robson. Olhou fixo para um dos lados e... Era ele! Ali, a dois passos, à sua esquerda, de costas para ela. Bateu no ombro da tal pessoa, com mil perguntas engatilhadas, mas, quando esta se voltou... não era Robson. - O que foi, gata? - Desculpe, confundi-o com outra pessoa. - Sem essa de confusão, morena. Vamos celebrar a vitória da verde-rosa. - Se manca, cara! Clotilde se desvencilhou do tal sujeito, irritadíssima por haver perdido tanto tempo. Continuou procurando, no meio da multidão. Era como tentar achar uma reles agulha num palheiro. O clima na dispersão era de muita euforia. Repórteres e cinegrafistas acotovelavam-se e trocavam empurrões com os integrantes da escola em busca de personalidades para entrevistar. Era um mar de gente, de carros alegóricos, de alegorias de todos os tipos e tamanhos, numa impressionante Babel. Clotilde estava prestes a desanimar e já fazia menção de voltar para a arquibancada, onde Ricardinho a esperava, quando o viu, nitidamente, embora a uns 800 metros de distância. Era ele, não havia dúvida, com aquele seu jeitão de galã, confiante e lampeiro. Fez menção de seguir em sua direção, mas era tarde. Robson, ou seu clone, ou seu irmão gêmeo, ou um fantasma, ou seja lá o diabo que fosse, fez um aceno, que ela tinha certeza que lhe era dirigido (poderia ser para qualquer outra pessoa, claro) e se perdeu na multidão. Nunca mais Clotilde sequer ouviu o que quer que fosse a respeito daquele que foi seu único e grande amor, o homem da sua vida. Nota do Editor: Pedro J. Bondaczuk é jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas), com lançamentos previstos para os próximos dois meses. Blog “O Escrevinhador” – pedrobondaczuk.blogspot.com.
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