- Meu amigo Joel, te prepara! - Ué! Por quê? - Olha pra trás e vê quem está vindo. - Quem? - Olha! - Putz! Não acredito! Pior que ela está vindo aqui... - A mulher é tua... Segura a fera! Será que vem te buscar? - Com certeza! Vai fazer barraco de novo... - Bah! Eu me lembro da última vez. - Nem me fala! Nunca mais fui naquele bar de vergonha. Está perto? - Arãn! - Está com cara de braba? - Não! Pelo contrário. Vem com um sorriso no rosto... Toda produzida... E... - E o quê? - Desculpa a indiscrição, mas a tua mulher está em forma, hein? - Por que estás dizendo isso? - A saia que ela está usando... Como posso dizer... Está deixando um belo par de coxas a mostra. - Pára de olhar para a minha mulher, Fonseca! - Foi só um comentário... - Cadê ela? - Ela... Ela... Ué! Cadê? Ah... Sentou-se em uma mesa lá perto do banheiro. - Ai! Ai! Ai! - O que foi? - O que eu faço agora? - Boa pergunta, meu amigo. - Ela está olhando pra cá? - Não! O garçom está lhe atendendo. Pediu uma cerveja pelo jeito... - Meu Deus! Meu Deus! O que eu faço agora? - Vai lá! - Se eu for lá, ela vai querer vir sempre junto... - E qual o problema? - Acorda, Fonseca! Vê se eu quero vir pro boteco com a minha mulher... - Fazer o quê... - Fazer o que nada... Olha a mulherada na volta! Que pesadelo! - Pois é... - O que eu faço? O que eu faço? - Ela está olhando pra cá! - E? - Acenou com o copo... - Meu Deus! - Olha Joel! Se eu fosse tu, eu iria lá... Já tens uns gaviões “rondando”! - Não adianta mesmo, é aquele ditado: “mulher da gente é que nem Chuchu, não tem gosto, não tem cheiro, mas se tu não comer, os outros comem...” - Joel e os seus ditados machistas! Vai lá se não quem vai se enquadrar em algum ditado de corno... - Opa! Opa! Nem completa... Estou indo! - Oi querida! Posso sentar? - Não, Joel! - Por que não? - Porque não! Estou a fim de tomar uma cerveja sozinha. Não posso? - Que palhaçada é essa, Marília? - Por que palhaçada? Pode me dizer? - Era só o que me faltava... Minha mulher freqüentadora de boteco. - Ué! Por que só tu podes vir para uma mesa de bar tomar cerveja, hein? Qual o problema? Eu também gosto! Quantas vezes tu já chegaste em casa de madrugada, dizendo que só estava tomando uma cervejinha... Ingenuamente com os amigos... - É... Hã... Hã... Hã! - Pois é! Hoje é a minha vez... - Mas... - Mas nada! Pode saindo. Eu disse que não podia sentar... Essa cadeira vai ser ocupada. - Está esperando alguém? - Arãn! - Quem? - As mulheres dos teus amigos também já devem estar chegando... - Como é que é? - Isso mesmo que tu ouviste! A mulher do Breno, do Richard, do Guazzeli e até do Fonseca, que estava ali tomando cerveja contigo virão pra cá... - Mas o que é isso? Complô das calcinhas? - Ah! Toma. - O que é isso? - Ué! Não reconhece? A chave de casa... - Pra quê? - É melhor levar... Não precisa me esperar... Eu toco a campainha... Vou ficar por aqui tomando um choppinho ingenuamente com as meninas...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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