- Amor! Posso... Posso te fazer uma pergunta? - Ai! Quando tu começas assim é porque vem bomba. - Não! Não... É que estive pensando... - Putz! Vinícius eu te conheço bem. Quando “pensas” é porque é sério o assunto. Vamos logo, desembucha! - Sabe Francini... Estava pensando... Já faz um tempo que a gente namora, né? - Bah! Mais precisamente oito anos, onze meses e quatro dias... - Pois é... É uma situação que temos que resolver. - Eu não acredito que estou ouvindo isso... Até que enfim vamos nos casar! - Quem... Quem falou em casamento, Francini? - Ué! Não é isso? - Não! - Ai! Vou até me sentar. O que foi desta vez, Vinícius? - É que... É que eu... - Tu tens outra? - Não! Não é isso... - Mesmo? - Claro Francini! - Não mente para mim... - Não estou mentindo. - Então o que é? - É que eu estava pensando... - Não quer casamento na Igreja. É isso? - Não! Não é isso Francini. Deixa-me falar. - Fala... - Bom! Mas o que eu queria te perguntar... - Se a gente pode morar juntos, sem papel assinado, a resposta é sim! - Meu Deus! Ela não me vai deixar falar... - Fala Vinícius! - Se tu deixares, eu falo. - Tu queres acabar o namoro. É isso, né? Não fica enrolando... - Ai ai ai! Não é isso Francini. - Aquela vez que brigamos, tu fizeste essa mesma ladainha! - Francini: quantas vezes será preciso eu dizer que te amo! Que tu és a mulher da minha vida! Hein? - Sei... O que é então? - Bom! - Pergunta logo. Já está me dando uma ânsia... - É que tínhamos pensado em nos casar no final do ano que vem, certo? Temos aquele dinheirinho já guardado... - Pensado não! Por mim já está certo. A não ser que o noivo desista... - Não é bem desistir a palavra certa. - Eu sabia que era isso! Se tu queres acabar vá direto ao assunto, Vinícius! Não precisa ficar nessa lengalenga. Seja homem! - Calma Francini! Não é isso. Já te disse! Não precisa chorar. Calma! - Como calma, Vinícius! Como calma? Como tu podes pedir calma pra mim, hein? Tu estás acabando com o nosso namoro e queres que eu tenha calma, Vinícius? Por favor! - Mas que acabando o quê? Francini escuta uma coisa: eu não estou acabando o nosso namoro. Eu só queria te perguntar se podemos adiar o nosso casamento. Em vez de ser no próximo ano, ele ser no seguinte a ele. Só isso? - E por que, meu Deus? Com esse seria o terceiro adiamento. - Porque, sinceramente, eu encontrei uma das minhas paixões... - O quê? - Amor! Finalmente encontrei aquele diplomata, ano 92, que eu procurava. Sempre sonhei em ter um! O carro é lindo! Banco de couro, ar-condicionado, direção hidráulica e mais um monte coisa. Eu não posso perder essa chance, eu tenho que comprar! Aí pensei em pegar o dinheiro do casamento e dar de entrada e financiar o resto... O que achas? - Eu não acredito que estou ouvindo isso!
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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