- Desculpa, amor! Por favor? - Não. - Por favor: aceita essas rosas pelos menos. Elas são o símbolo do meu amor... - Sei. - Estou arrependido pelo que fiz... - Que não tivesse feito, então. - Aceita, por favor? - Tentando me comprar, Luiz Henrique? - Não! Pô... Tu também complicas quando quer complicar... O que fiz nem foi tão grave assim... - Nãããããoo! Tu não achas grave, Luiz Henrique? Eu fico imaginando: se tu olhaste para aquela vagabunda estando comigo... O que não fazes quando estás sozinho, hein? - Ai ai ai, Vitória! Eu te disse: eu só olhei porque me chamou atenção uma mulher estar de mini-saia em um dia friozinho... - Tu achas que sou eu boba? Então, foi o friozinho e depois as coxinhas dela, a bunda... Faça-me o favor! - Meu Deus! O que eu posso fazer para provar o meu amor? Que gosto realmente de ti? Para ser perdoado? - Não sei. Não sei se tem perdão... - Mulher quando quer complicar, vou te contar uma coisa... - O que disseste? - Nada não... Me diz: o que tenho que fazer para provar que é de ti que eu gosto? - E será que gostas mesmo? Será que existe amor da tua parte? - Já sei! Uma serenata! Eu canto pra ti: Às vezes, no silêncio da noite Eu fico imaginando nós dois Eu fico ali sonhando acordado, juntando O antes, o agora e o depois Por que você me deixa tão solto? Por que você não cola em mim? Tô me sentindo muito sozinho! - Chega Luiz Henrique! Quantas vezes vou precisar dizer que essa música me deprime? - Ai ai ai, Vitória! Um poema, então? O Amor, do Fernando Pessoa. Lindo! Começa assim: O amor, quando se revela, Não se sabe revelar. Sabe bem olhar pra ela, Mas não lhe sabe falar. Quem quer dizer o que sente Não sabe o que há de dizer. Fala: parece que mente Cala: parece esquecer... - Luiz Henrique, chega! A tua memória é fraca mesmo, hein? Ou tu não prestas atenção nas coisas que digo. Semana passada mesmo eu te falei que não gosto de poesia... - Pô Vitória! Que droga mesmo! Nada serve. Não sei mais o que fazer para demonstrar que EU TE AMO! - Sigh! ai-ai! - O que foi? Por que esse suspiro? - Repete, por favor? - Repete o quê? - A última parte “o eu te amo”. - Vitória: eu te amo! Isso? - Ai ai... Eu te amo! Eu te amo... Que lindo! Como é bom escutar isso. Ai amor... Fazia tempo que tu não demonstravas que me amava deste jeito... - É? - Ãran! - Está bem então... - Está perdoado, meu amor! Vem cá me dar um beijinho, vem...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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