- Por que esta cara? - Nada. - Como nada? Eu te conheço. O que foi? - Nada! Já disse, Paulo Henrique. - Pronto! Nome completo é confusão. Por que esse beiço, Ana Flávia? - Nada. Já disse. Coisa minha... Me deixa sozinha! - Se é assim... - É! - Bom! Se não queres me falar, vou indo então... - Espera! - O que foi? - É que... - Fala. - É que estou... - Fala LOGO! - Não grita! - Não estou gritando! É que irrita. O cara tem que perguntar cinqüenta vezes. Por que não fala na primeira... - É por essas e outras que a nossa relação está deste jeito... - Que jeito? - Nada! Não vai adiantar falar mesmo... - Como nada, meu Deus? Que jeito, Ana Flávia? - Esse teu jeito! Tu mudaste, está diferente comigo... É esse teu emprego! - Ai ai ai! Diferente como? O que tem o emprego? - Desde a tua promoção, Paulo Henrique, eu não ganho a tua atenção. É só trabalho! Trabalho! Trabalho! Eu sempre fico em segundo plano... - Mas Ana Flávia, meu amor! Nós conversamos sobre isso. Tu sabias que no início seria assim. É importante profissionalmente pra mim... - Mas e eu, Paulo Henrique? Não sou importante pra ti? Não ganho mais a tua atenção, o teu carinho, nada. É só na hora do sexo e olhe lá! Nem me beijado mais tu tens... - Não é assim... - É assim, sim! - Por que essa cobrança agora? Não estou entendendo... - E tem mais... - Meu Deus! Tem mais... Putz! Fala. - Eu disse que não adiantaria falar nada... Parece que entra em um ouvido e sai no outro. - Fala, Ana Flávia, continua as cobranças... - Podes ironizar, ironiza, isso... - Não estou ironizando. - Se isso não é ironizar, eu não sei mais nada. - Quer terminar, Ana Flávia? - Eu acho que tu que queres. - Eu? - É... Tu que estás fazendo coisa para acabarmos... - O que eu estou fazendo? - Fica arrumando desculpinha para discutirmos. Não quer mais chega e termina! - Meu Deus! Tu que começaste a discussão... Deixa eu te falar uma coisa agora: Tu também não tens prezado tanto a nossa relação assim, não. Lembra aquele sábado, que podíamos ficar juntos e optaste em jantar com as tuas amigas, lembra? Pois é... - Pronto! Vai começar a relembrar o passado. Isso foi uma vez, Paulo Henrique! Além do mais, se eu for remexer no passado, aí a tua conta é bem maior que a minha, quer que eu enumere? Tem a vez do futebol, do carteado... - Pára, Ana Flávia! - Agora é para parar é? - É sim! Vamos parar de briga, meu amor! Tu estás certa nas reclamações, eu tenho trabalhado demais, não tenho te dado a atenção... Eu vou tentar mudar, pode deixar! - Vai mesmo? - Vou sim! Eu prometo! - Quero só ver! Promete mesmo? - Prometo! Tu vais ver... Vou tentar te dar mais atenção, carinho, pode observar. Vem cá e me dá um abraço para selarmos a paz! - Se não mudar eu juro que acabo, seu bobo! - Acaba nada! - Estás duvidando de mim? Não duvida de mim! - Calma! Está bem, está bem! - Sei! - Eu já disse que te amo hoje? - Não! - Eu te amo, A-na Flá-vi-a! - Bom ouvir isso... Fazia tempo que não dizia! - Vai começar? - Não, não! Foi só comentário...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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