A qualidade da Educação é, hoje, em todo o mundo desenvolvido, um dos temas mais importantes. No Brasil, ainda estamos discutindo o que é ”qualidade”. A minha mãe, em 1927, era professora na Escola de Picinguaba. Ela sempre se referia ao temor que os patrões tinham quanto ao grau de instrução de seus servidores. Ela dizia que os patrões preferiam pessoas que soubessem apenas assinar o nome. Leitura demais era muito prejudicial à essas pessoas. Somente os patrões poderiam ser “letrados”. Entre os pais de seus alunos, o problema era diferente. Os pais não queriam que as filhas fossem para a escola para não aprenderem a ler e assim não escreverem bilhetes para os namorados. Muitas vezes os pais não sabiam ler. Vejam como a questão da qualidade do ensino é complexa e o medo por diversas razões está sempre permeando o pensamento e as ações das pessoas. O medo é visto como um sentimento inofensivo e assim ele vai ganhando espaço. Hoje critica-se a escola porque as crianças não aprendem a ler e a escrever. Mostram as pesquisas que na 8º série eles não compreendem o que lêem. Instala-se na população o medo do fracasso de seus filhos. Outro dia encontrei na Internet uma pesquisa intitulada The Fear of Education, de Judith Tendler (tendler@mit.edu), 2002, “O medo da Educação”. Qual não foi a minha surpresa, uma vez que pensava que o medo da educação era coisa do passado. Daquele passado que a minha mãe falava e que já fazia parte do passado dela. Constatei que este medo ainda existe e ainda é ele que puxa a qualidade do ensino para os baixos níveis que conhecemos, nos dias de hoje, em pleno século 21. Judith Tendler, a pesquisadora que realizou este trabalho nos setores têxtil, alimentício e calçadista, instalados no nordeste brasileiro. Revelou que os empresários deste setor não prezam uma força de trabalho educada. A autora também afirma que esses países que agem de forma irresponsável com a questão educacional, no mundo globalizado, pagarão muito caro pelo equívoco. Agora, o que desejo mesmo é falar com os pais que têm filhos em idade escolar. Cobrem dos governantes o direito de ter uma educação de boa qualidade. Educação boa é aquela que faz diferença positiva na vida das pessoas. Exija dos governantes que o dinheiro dos imposto que você paga seja usado com eficácia nos serviços públicos como a saúde, a educação e o saneamento básico, sem os quais não há qualidade de vida. Freqüente a escola do seu filho. Se ela não tiver um Conselho de Pais, crie um conselho e faça com que ele funcione em favor da comunidade. Sabemos que o preço do erro dos governantes é o povo quem paga, mesmo porque, é o povo quem financia tudo neste País. Não existe nada gratuito, nem a escola do seu filho. Somos nós que pagamos tudo com os nossos impostos. Até no pãozinho que você compra na padaria você paga imposto. Pense nisso e seja um cidadão consciente dos seus direitos. Essa pesquisa que sito no texto está em inglês. Desafie os professores da escola dos seus filhos a trabalharem com o texto em questão. É uma boa avaliação de qualidade na escola. Se você está interessado no tema “Educação” aguarde a próxima matéria.
Nota do Editor: Deusdith Bueno Velloso, nascida em Ubatuba, é professora aposentada, formada em Letras e Pedagogia e Mestre em Comunicação Social.
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